quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

BANDA COVER NO BRASIL - O ROCK ALIENANTE




É de conhecimento que o rock surgiu nas culturas anglo-saxãs (Inglaterra, EUA, ...) como estilo musical de protesto aos costumes e sistema vigentes. Dentro desse contexto não há que se falar em alienação cultural.
E para falar nesse termo (alienação cultural), convém destacar que ele se remete ao sentido de “alien” mesmo, aquilo que é de fora, exógeno, que está fora da realidade e contexto cultural. E a esse papel servem de exemplo claro os grupos covers de bandas internacionais de grande sucesso e público de massa.
Destaca-se que a música, como expressão musical dos seres humanos, muda suas manifestações de acordo com cada época e contexto sócio-cultural. De forma que quando um povo deixa de produzir e reproduzir aquilo que lhe é próprio para copiar e reproduzir algo exógeno, passa pelo processo de alienação cultural, também denominada de aculturação.
No caso do Brasil, isso se agrava quando a cópia é de músicas com letras em inglês num país em que a população mal sabe se manifestar e entender claramente a própria língua. Infelizmente vejo muitas crianças e jovens balbuciando letras de músicas que não tem a mínima noção do que quer dizer.
A música é uma das manifestações artísticas do ser humano, e, como tal, sua tarefa primordial deve ser a de participar consciente e ativamente para fazer os ouvintes refletirem sobre a realidade que nos envolve. No entanto, o músico como artista só pode fazer isso quando conhece o contexto social e cultural em que vive, quando encarna em suas músicas o sentido e os dramas da vida.
Como exemplo desses músicos brasileiros podemos citar João do Vale, Luiz Gonzaga, Alceu Valença, Cordel do Fogo Encantado e muitos outros músicos que seguiram ou estão seguindo a via-sacra da produção autoral e que não abrem mão da qualidade e da singularidade de seus trabalhos. Os músicos do rock nacional também tem bons exemplos, pois souberam pegar a idéia da rebeldia e da musicalidade falando da nossa realidade, sem perder a musicalidade Brasiléia, como é o caso de Cazuza, Renato Russo, Cássia Eller, Mutantes, Secos e Molhados, Novos Baianos, dentre outros.
Esse tipo de produção musical, ou seja, a independente, é difícil sim, ela requer sacrifícios físicos, psicológicos e financeiros. Mas no final a compensação é boa, pois é o que fica registrado na memória dos que ouviram e é o que fica gravado pra história como manifestação cultural de um indivíduo criativo.
Já os indivíduos plagiadores, os de bandas covers (como The Doors, Beatles, e outros) que tocam músicas de bandas de grande sucesso, principalmente de bandas escolhidas pela mídia e preferidas pela grande massa, podem até colher rapidamente os frutos de seu trabalho, pois para angariar aplausos e admirações de tietes e de seu público alienado, eles trilham o caminho mais fácil e acabam por fomentar a alienação de nosso povo que já sofre muito com isso desde tempos remotos da colonização.
É importante lembrar que músicos que tem música própria acabam tocando cover porque o público só quer saber de rock clássico mesmo, mas lembremos que esse é o caminho curto, que tem seus limites, já que a banda cover não tem possibilidade de crescer no mundo musical, pois seu campo de atuação é apenas a cópia, e cópia por cópia, se for pra tocar igualzinho, então aperta o play, ou então que toquem músicas de sucesso que falem nossa língua, de nossa cultura, de nossa realidade.
Enfim, gosto e admiro muito mais de bandas que tocam suas músicas!!! Por que "copiar é fácil, criar é que é difícil".
Sei que isso é pesado para alguns, e sei também que não sou a dona da verdade, mas é isso o que eu acho depois de estudar tanto sobre história, cultura, sociedade e arte.

Fonte de inspiração:
A PRODUÇÃO INDEPENDENTE NO NORTE DE MINAS É UMA DAS MAIS TALENTOSAS DO BRASIL.
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:hifOZN2hM1AJ:www.overmundo.com.br/overblog/independencia-e-musica+aliena%C3%A7%C3%A3o+cultural+de+bandas+covers+no+brasil&cd=10&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br&source=www.google.com.br

Um comentário:

  1. Parabéns pelo texto Kelly! Concordo contigo!
    Que possamos todxs ter uma educação multicultural, com acesso ao aprendizado da(s) língua(s) e da cultura local e estrangeira, sem que isso venha a ser uma colonização cultural, como tem sido freqüente. “A vida imita o vídeo/ garotos inventam um novo inglês/ vivendo num país sedento/num momento de embriaguez”. Os ventos as vezes erram a direção. “independência da arte - para a revolução / a revolução - para a liberação definitiva da arte.”

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