quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Pela Evolução da Eco-Cultura Popular




Há muitos anos, muitos mesmos, é possível ver que o povo brasileiro fica indignado ao ver tantas atrocidades cometidas por seus governantes, como também por cidadãos comuns. Em toda a sua história, os mais variados meios de comunicação desse país nos informam sobre desvio de verba pública; roubo de medicamentos de postos de saúde públicos; parlamentar que não comparece ao plenário e também não justifica por que não foi; presidente que retira o dinheiro da poupança de todos os brasileiros pra pagar dívida pública, mas acaba tomando posse do dinheiro; presidente que usa dinheiro público pra pagar dívida de cafeicultores; monarca que sai de Portugal e toma casas de pessoas para habitação de toda sua côrte; etc; etc; etc.
Todo esse dinheiro do povo que é tomado por particulares egoístas, acaba gerando uma série de transtornos sociais, tais como: pessoas que desistem de tentar ganhar seu sustento para roubar; crianças sem escola de qualidade, professores mal pagos; falta de remédio e atendimento médico; uso desordenado de drogas; pessoas com casas em barrancos sendo aterradas pois não tem onde morar; etc; etc; etc.
As causas desses problemas se resumem em duas principais: “a existência forte e marcante de um sistema de organização social centralizador, ou seja, federalismo” e “a falta de uma cultura de honestidade e respeito mútuo entre as pessoas”. Quanto ao sistema federalista, é importante que se saiba primeiramente como se dá a sua origem histórica - para saber mais, leia o texto “O processo de descentralização política - administrativa no Brasil” - .

A CENTRALIZAÇÃO POLÍTICA BRASILEIRA
De forma coerente, o professor da Unijuí relata que é a partir do fim da Era Vargas em 1945, que se iniciará um breve período, relativamente democrático no Brasil com a constituição de 1946 e que culminou com as discussões populares que envolveram as chamadas reformas de base, propostas pelo presidente João Goulart e seu partido, o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro). Notando que poderia perder seu poder e suas respectivas regalias, a velha elite aristocrática e seu sistema militar, põe fim a isso, e dão o golpe na democracia, chega então a Ditadura, retomado a centralização das decisões políticas e administrativas.
Quem entende um pouquinho de organização militar (exército, marinha e aeronáutica), sabe que a centralização pautada na hierarquia e na obediência cega às ordens superiores é uma característica fundamental nas instituições militares. Isso também não é novo, pois a própria gênese histórica dos estados centralizadores, lá no sistema feudalista, tem como pressuposto uma organização militar (vassalos) com grande poder bélico para manter em ordem e submisso toda a casta, a qual deverá trabalhar arduamente para sustentar a nobreza. Então quem tem controle das estruturas beligerantes, pode, caso queira, ter o controle da organização social. A base de espada, bala e bombas atômicas, qualquer um se submete. Mera coincidência? Claro que não, a história anda em espiral.
Nas palavras de Linama, vemos como esse tema é corrente:
“Nenhum tema de ordem política no Brasil é tão importante para o futuro democrático daquele país do que o que diz respeito ao recorte de suas instituições políticas e que, em última instância, significa falar da questão federativa que neste momento começa a sair das preocupações restritas dos círculos acadêmicos para ganhar as ruas.
É unânime entre os cientistas políticos que tem se dedicado a estudar o Brasil a constatação de que um dos principais problemas, no que diz respeito ao desenvolvimento democrático, é o fato de não termos uma tradição cívica da população que compõe o país, ou seja, as questões públicas estão longe das preocupações da maior parte da população. Por outro lado, está se tornando unânime, também, a identificação das razões deste desinteresse em participar das decisões políticas e estas estão associadas à formação histórica do país e ao seu recorte institucional.” ...
...“Um dos mais importantes e complexos aspectos que devemos resolver é aquele que diz respeito, de forma mais ampla, ao que se convencionou chamar, no Brasil, de "questão federativa" e de forma mais específica, as questões que dizem respeito ao debate centralização versus descentralização político-administrativa.”
Resumidamente a história do estado Brasil é uma história de centralização política e administrativa, ou seja, a formação da organização política do Brasil foi um processo que aconteceu de fora para dentro e de cima para baixo. A Independência, a Proclamação da República, o fim da República dos Cafeicultores, o Fim da Ditadura, a Constituição de 1988, todos, apesar de falhos, tiveram sua importância para a construção de um país mais democrático e justo. No entanto essas mudanças foram graduais e ainda não produziram o efeito esperado, as políticas populistas ainda vigem. Mesmo que a constituição de 88 tenha dado maior poder de gestão aos municípios, como nunca aconteceu na nossa história, precisamos evoluir mais. Precisamos agora de uma nova organização política, com municípios mais independentes, autônomos. Precisamos que a centralização federalista perca espaço para uma fragmentação de poder, onde as pessoas ficarão mais próximas dos locais de decisão e de poder. É a fragmentação do poder.

CULTURA DE MASSA E CENTRALIZAÇÃO:

Quanto à cultura do jeitinho malandro e esperto da maioria da população brasileira, cabe destacar que sua origem histórica e a forma como se dá sua conexão com o sistema político centralizador do Brasil. Esse costume de querer se dar bem, de acatar aquele velho ditado “Pagando bem, que mal tem.”, de receber o troco errado e não devolver, tudo isso tem uma longa tradição e vem desde os primeiros europeus que aqui chegaram. No período inicial de descoberta e ocupação do Novo Mundo (América), os ditos desbravadores, por vezes, eram homens que queriam enriquecer da noite pra o dia, encontrar ouro e especiarias que lhe rendessem ganhos para voltar a Europa e usufruir disso tudo. Outros eram criminosos que receberam a condenação de ter que vir colaborar com o Rei para ampliar suas terras. Eles não tinham intenção de aqui permanecer, fixar residência, constituir um novo lugar bom para se viver. Praticavam ações deploráveis, sem a vigilância da sociedade ocidental, sentiam-se na liberdade de fazer tudo que anteriormente lhes era proibido, como forçar mulheres (indígenas e negras) a ter relações sexuais.
Dessas relações é que foram nascendo aquilo que viríamos chamar os mestiços brasileiros. Sabendo da importância de uma estrutura familiar e educacional para se formar bons seres humanos, imagine como era a cabeças dessas crianças que em sua grande maioria não era reconhecida pelos pais, e dificilmente passavam a ser agregadas pelo grupo da mãe, sofrendo com o forte preconceito. Não se espante que o termo mulato, esteja ligado à palavra mula, a qual tem como sinônimos “falta de inteligência”, “burro”, “animal de carga”. Essas crianças quando adultas já aprendiam que para sobreviver nessas terras de gente mesquinha, seria preciso ter “manhã”, ser “malandro”.
Esse preconceito que sofriam - e muitos ainda sofrem - é fruto de um valor que os brancos tinham com relação ao conceito de “identidade cultural”. Estudos antropológicos de grupos sócio-culturais comprovam que para ser agregado ao seio do grupo é necessário que o ser agregado seja considerado como mais um par, ter semelhança social e física com o grupo, ser considerado como “próximo”, e não como “’outro” ou “inimigo”. É nesse raciocínio que se baseia a prática de crimes racistas, pois o racista não entende o “outro” como alguém que lhe seja semelhante, assim como de antipatia, diferença, ódio. Também é nesse raciocínio que se baseia os sentimentos de empatia, afinidade e amor.
Então, por ser um Estado montado de forma exógena, digo de fora pra dentro, com uma elite de mando branca e ocidental vê se claramente porque foi e é necessária a continuidade de projetos que venham formar uma identidade cultural uma. Note-se que apesar de hoje termos alguns descendentes de indígenas, negros ou mestiços em altos postos e cargos políticos e econômicos, a sua grande maioria é branca e descendente da velha aristocracia-escravocata-patrimonialista-cornelista, que pouca identidade cultural tem com o grupo social menos favorecido, que tem os piores salários e postos de trabalho, que mora nos guetos, à margem da sociedade. É verdade, a história vai se movendo em movimentos espirais.
No entanto, apesar de todas as tentativas por parte dos governantes brasileiros de forjar uma identidade nacional única (concursos de livros de história do Brasil, de cultura brasileira, uso meios de comunicação de massa, criação de bandeira, hino nacional...), do Oiapoque ao Chuí, esse país possuí inúmeras formas de organizações sociais com suas respectivas culturas e cosmologias, o que leva com que essas tentativas tenham como resultado o fracasso. Isso porque esse estado centralizador é incapaz de se fazer representativo de todas essas formas organizacionais e assim promover a satisfação de todos os quase 200 milhões de brasileiros ocupantes desse imenso território. (Citar exemplos de diferentes culturas e seus valores). Observe que essa tese é válida para a maioria, se não para todos os grandes territórios com sistemas políticos centralizados.
Nossa estrutura governamental, legislativa, judiciária e orçamentária é tão complicada, que só com muitos anos de dedicação e estudo é possível adentrar os cargos decisórios, bem remunerados e relevantes dessa estrutura através de concurso público. Para se dedicar ao estudo dessa forma, é necessário ter tempo disponível, dinheiro para comprar bons livros, boa alimentação e espaço adequado que lhe permita a concentração. Tudo isso não é para qualquer brasileiro: grande parte fica no meio do caminho da educação formal por falta de alguns, se não todos, esses requisitos acima citados.
Os cargos decisórios, bem remunerados e relevantes dessa estrutura que não requerem concurso, ou são ocupados por indicação de alguém, ou são ocupados através de eleição. Sabemos, na prática, que essa indicação dificilmente é pautada pelo mérito e pela competência profissional, mas sim pelos laços de amizade, familiaridade e empatia e identidade. Sabemos também que para ser eleito nesse país – isso até agora, pois com a ampliação do acesso à internet, como meio de comunicação mais democrático, isso irá mudar – é necessário estabelecer parcerias com a velha ordem política e econômica para se ter acesso aos sistemas de comunicação onerosos, como um tempinho de horário nobre nas emissoras Globo, Record ou SBT, é preciso também ter cacique para mandar fazer milhões de santinhos, comprar objetos (dentaduras, cestas básicas) ou fazer um grande show com o cantor mais popular que aparece nos programas televisivos de domingo à tarde. Tudo isso para ganhar o voto de um pobre eleitor. Conforme manda a cultura política de massa e populista. E assim vamos andando de mãos dadas com o velho sistema coronelista.
A falta de identidade cultural entre a elite dirigente que comanda nossa estrutura política e econômica e os “outros” é causa dessa eterna crise que o sistema político centralizador e que hoje chamamos de Federalismo. Pelas andanças no interior, nas cidades pequenas desse país é possível ouvir a insatisfação das pessoas simples que não entendem porque tantos recursos e impostos precisam sair de se Município, ir para o Estado e depois para a União, para percorrer o caminho de volta. DISCURSO DEP. JURUNA. O que elas entendem é que querem que seus recursos fiquem ali mesmo pra ser investido no que elas acharem necessário, e não que isso seja decidido dentro dos gabinetes de Brasília, com licitações e cartas marcadas, com projetos desenvolvimentistas moldados pela forma de viver ocidental, com políticas públicos que não consideram verdadeiramente o potencial autóctone da região e das pessoas que ali residem.

POLUIÇÃO DO MEIO AMBIENTE E CENTRALIZAÇÃO

Para agravar toda essa situação, atualmente a humanidade, incluindo os brasileiros (claro!), enfrenta uma série de desastres ambientais que tendem a se agravar cada vez mais. As causas desses desastres, além de dependerem urgentemente de ações remediativas por parte de todos (estado centralizador, empresas, indivíduos), dependem também de uma mudança na forma de organização social e política no sentido de possuir multi-centros políticos e de uma cultura de respeito ao “próximo ”.
O sistema centralizador da política e da economia brasileira continua a ser pautado pela exportação e pela tentativa de criar em todos os brasileiros o costume igual de comer, vestir, falar e pensar. As emissoras de TV supracitadas, assim como outros meios de comunicação de massa, cumprem bem esse papel, com seus programas de culinária, de moda e música brega. Com isso, pessoas que poderiam alcançar os ideais de satisfação e felicidade na sua forma própria de viver, acabam tendo um sentimento de querer possuir aquilo que passa nas propagandas agressivas. Para comprar a mais nova Barbie ou o último lançamento de TV, o pai ou a mãe vêem se obrigados a ter que ir morar o mais perto das metrópoles, mesmo que a casa seja bem pior do que tinham na cidade pequena. Nos barrancos, nos morros ou nas favelas, esses seres gastam horas de sua vida para conseguir a moeda de troca e assim consumir aquilo que manda a propaganda, deixando seus filhos a mercê da sessão da tarde alienante, com seus filmes de cachorro ou sereias norte-americanos. Isso também gera a perda da cultura da vizinhança, pois quando chegam em casa, os trabalhadores já ligam a TV.
A estrutura política e econômica centralizada, seus meio de produção industrializada e seus meios de comunicação de massa são um dos grandes responsáveis pelo consumo desenfreado, pela desvalorização daquilo que o bioma natural oferece e conseqüentemente pela crise ambiental que enfrentamos . Para que todos possam comer o mesmo alimento que não é produzido naturalmente naquele local, é necessário que se transporte de longas distâncias ou que se desenvolvam tecnologias agrárias capazes de reproduzir plantas e animais em habitat diferente do de origem, veja, por exemplo, o caso dos transgênicos. Isso, obviamente, gera muito mais impacto do que se os seres humanos buscassem adaptar sua alimentação aos alimentos ofertados naturalmente no local onde moram. Essa prática é uma prática comum entre grupos sociais menores, de longa tradição histórica e cultural, e que estão pouco afetados pelo consumo de produtos excessivamente industrializados. E ressalte-se que além dos alimentos, essa idéia também vale para o uso de medicamentos, vestimentas, construção, etc.
Estudos antropológicos de grupos sociais demonstraram que elementos da natureza, como mudanças de estações, período de plantio e colheita, rituais de morte e acasalamento, normalmente estão ligados às festividades e costumes de grupos humanos. Como num movimento simbiótico, vemos como a natureza acaba por pautar muitos dos costumes culturais de um povo. O grande afastamento que se teve da natureza e de seus ciclos vitais, levando as pessoas a viverem de produtos artificiais, com uso exacerbado e desnecessário de materiais descartáveis (fraldas, copos, pratos, roupas, embalagens...) é um dos grandes responsáveis pela crise ambiental que enfrentamos. Para que voltemos a ter um meio ambiente equilibrado, é preciso que haja novamente uma aproximação com os elementos da natureza e suas mudanças.
EDUCAÇÃO ALIENANTE e CENTRALIZAÇÃO:

Para que essa estrutura política e econômica centralizada funcione é preciso que haja um sistema educacional propício onde as pessoas percam a noção de seu papel na sociedade. É do senso comum que um melhor aprendizado está diretamente ligado à prática do que é aprendido. Veja, por exemplo, se uma pessoa quer aprender música, mas a didática utilizada só faz uso de teorias, sem uma prática musical, sem que se ouça o som, o processo é muito difícil, se não impossível. É com base nesse pensamento que Paulo Freire, um dos grandes pedagogos de nossa história, falou sobre a necessidade de se adequar os livros didáticos de alfabetização fazendo uso de termos cotidianos para as pessoas. Para ele era inconcebível que se ensinasse “U” de uva para uma criança do interior do nordeste brasileiro que nunca tinha ouvido falar de uva.
A despeito de alguns professores heróis e que não seguem esse modelo alienante, a maioria das crianças e jovens que passam pelo ensino formal brasileiro acabam perdendo grande parte de seu precioso tempo de vida aprendendo coisas que nunca farão uso em sua vida. Nas escolas, principalmente nas que formam alunos pra passar em vestibular de universidades federais, há um gasto enorme de material, tempo de alunos e professores para o ensino de tantas fórmulas – químicas, matemáticas e físicas, as quais não terão valor algum para esses alunos, exceto se eles seguirem algum tipo de carreira acadêmica ou científica. A língua portuguesa ensinada quer moldar todos os cidadãos na linguagem padrão “Jornal Nacional”, estigmatizando assim a linguagem e a expressão da cultura popular de cada região.
Uma famosa e cara escola de Brasília, que também trabalha com cursinho para concurso e pré-vestibular, já usou como propaganda, em um painel de rua, o fato de ter ocupado quase a metade das vagas da Universidade de Brasília - UnB em um de seus vestibulares. Por ser cara, é óbvio que quem irá ocupar as vagas da universidade pública e gratuita, são mais tem condições de bancar seus estudos superiores. Será que isso não seria motivo suficiente para que os programas de seleção universitária sejam revistos, tendo em vista o papel primordial do Estado em trazer equilíbrio social, dando aos menos favorecidos socialmente melhores condições de acesso à educação? A única afirmação que se pode fazer disso tudo é que tantos concursos quanto vestibulares acabam por não cumprir o seu papel de realizar uma seleção justa com base no mérito e no grau de inteligência de cada um, pois a maioria dos aprovados teve melhores condições sociais para desenvolver suas habilidades conteúdistas.
Os conteúdos educacionais da educação formal estão longe do cotidiano dos indivíduos. Se a gente pegar alguns jovens de nossas escolas metropolitanas e colocá-los em meio a um mandiocal para sobreviver, eles poderão passar fome nesse meio. Dificilmente se ensina nas escolas de hoje coisas como: cozinhar alimentos saudáveis, cultivar uma horta, valores medicinais de plantas, mecânica automobilística, organização financeira, cuidado com animais, artesanato, reformar utensílios e roupas, organização doméstica, primeiros socorros, música, solidariedade, dentre outros.
A disputa acirrada que ainda se tem pelo curso de direito nos faz refletir qual é real necessidade de tantos formandos que já jogados no mercado de trabalho todos os anos graduados nessa área. Novamente é bom relembrar dos concursos públicos: seria mais plausível que um concurso público de nível superior para um cargo de administração exigisse do concursado uma formação compatível com as tarefas que irá exercer. Mas muitas vezes os editais só exigem que o concursado tenha nível superior. Imagine só um formado em Educação Física sendo administrador de um setor de museus da Câmara Federal. É como se a sua graduação não valesse pra nada, e ele tivesse apenas o segundo grau.
Outro agravante dessa alienação educacional é o fato de que ultimamente no Brasil os programas de inclusão universitária procuram criar vagas para que descendentes de indígenas ocupem vagas no curso superior, sob a alegação de que eles exerçam sua cidadania aprendendo como se dá a organização política e a história desse Estado. No entanto, esquece-se que nesse momento, são os indígenas que devem nos ensinar como viver em harmonia com o meio ambiente, os valores medicinais e nutritivos das plantas, assim como eles sabem. Por fim, o ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio – que visa averiguar o grau de aprendizado de todos os estudantes de ensino médio desse país, agora pode ser adotado como mecanismo de filtro de entrada no vestibular. Esse exame é típico de um Estado que tenta padronizar os conteúdos e aprendizados de seus cidadãos.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Em que se baseiam as causas de nossos problemas e frustações?


Abaixo segue um texto que considero super importante para que possamos compreender a lógica de nossa existência nesse plano e em que se baseiam as causas de nossos problemas e frustações.



FRUSTRAÇÃO

Esse será nosso tema de estudo, para tanto acho interessante buscarmos todos os meios e recursos disponíveis para estarmos associando idéias novas com as experiências passadas, assim aproveitaremos muito mais o conteúdo expresso. Somos seres existenciais reencarnantes, com isso trazemos em nós uma somatória de experiências que compuseram os códigos de nossos acessos emocionais que traduzimos em ações em nosso dia a dia. Somos uma resposta direta e factual do que amealhamos como informação nessa nossa jornada, assim convido a todos para estarmos tratando de um conceito muito comum a todos, primeiramente tomado como religioso, mas que na prática vivencial acabou arraigado em nosso psiquismo. Vamos lá:

Os sete pecados capitais Pecado, do grego hamartia, é um verbo que significa errar o alvo.

Porém, isso não significa meramente um erro intelectual de juízo, mas, não conseguir atingir o objetivo existencial. Os sete pecados capitais, teologicamente são advindos da perspectiva do Cristianismo, ou seja, é a expressão da perda do destino ou do sentido existencial, comprometido com um processo evolutivo, na busca de realização da alma, que pode ser entendida como salvação e cura de todos os males. Com isso, ao pensarmos nos sete pecados capitais: avareza, gula, inveja, ira, luxúria, orgulho e preguiça, chegaremos à conclusão de que todos esses sete pecados desviam os indivíduos das trocas e da verdadeira felicidade.

Os sete pecados capitais nos dão um tipo de classificação dos vícios que eram abominados na época dos primeiros ensinamentos do cristianismo e que atualmente, por conta do capitalismo avançado, estão cada vez mais presentes no cotidiano da humanidade. O intuito dos antigos cristãos era educar e proteger seus seguidores, no sentido de ajudar os crentes na compreensão e auto-controle das suas pulsões e instintos básicos. É importante ressaltar que não existe registro oficial dos sete pecados capitais na Bíblia, apesar de estarem presentes na tradição oral do Cristianismo. Para mim, devemos entendê-los como doenças biopsicossociais com repercussões em todos os níveis e quadrantes da vida. Neste contexto é que surgem os estudos de psicossomática e dos comportamentos sociopáticos e psicopáticos. Então, cada pecado representa uma tendência equivocada que um fiel poderia ter diante do medo, da angústia e das incertezas da vida.

Como vida é expressão de trocas e relações entre as demandas instintivas, psíquicas, sociais e espirituais, somos constantemente mobilizados por necessidades, desejos e demandas de todo tipo e forma. Por outro lado carregamos uma bagagem genética, racial, familiar, cultural e transcendental que também nos influencia provocando mais desconforto, angústia e incertezas quanto ao nosso destino e significado existencial. Com isso, heroicamente, os seres humanos precisam fazer suas jornadas caminhando entre necessidades, destinos, livre arbítrio e limitações pessoais e coletivas que, de acordo com a situação, podem desembocar em pecados ou virtudes. (inadequações e adequações) Pois ambos estão potencialmente presentes nas atitudes humanas. Além de serem tão relativos quanto os conceitos de bem, mal, certo e errado.

Todas as pessoas possuem, em seus dinamismos psíquicos, tendências de atuação em todos esses sete pecados. Principalmente na atualidade onde vivemos numa sociedade que está brutalizando as dimensões anímicas e espirituais dos seres humanos. Basta observarmos o comportamento da maioria das pessoas que vão ao Shopping para comprar o que não precisam, com o dinheiro que ainda não possuem, para impressionar quem não conhecem! Essa atitude, além de estar na contra mão das questões ambientais e de auto-sustentabilidade, tem conotações de inveja, luxúria, avareza e vaidade. Só o autoconhecimento poderá fazer com que essas tendências sombrias fiquem menos autônomas e que as virtudes possam entrar em equilíbrio harmonioso com os pecados. Pois, no íntimo de cada ser humano tanto as virtudes quanto os pecados estão potencialmente presentes. Tudo é uma questão de consciência e autoconhecimento.

Atualmente, o Capitalismo, e sua pior prática que é a do lobismo, estimulam a avareza, a gula, não só de alimentos, mas de conhecimento, informações, acúmulo, entre outras atitudes que possam dar a ilusão do poder. Além disso, o desperdício, a luxúria do luxo e vaidade estão muito presentes também. Basta refletirmos que estamos vivendo em uma sociedade onde 30% da população mundial é subnutrida e outros 30% é obesa! Qual a lógica disso? A questão da vergonha e da culpa é muito pessoal e dependerá da formação ética e espiritual de cada indivíduo, do momento de vida em que ele se encontra. Então, não podemos criar uma classificação entre os sete pecados. Creio que eles se interpenetram e a prática de um acaba, direta ou indiretamente, desembocando na prática dos outros. Dependendo das condições de vida, dos medos, da angústia e das dificuldades do dia a dia, a prática de um pode ficar mais facilitada do que a prática de outros pecados. Por meio do autoconhecimento, de contínuas reflexões sobre o sentido, o significado da vida, e a compreensão dos desejos, pulsões e atitudes que estão nos motivando é que poderemos harmonizar os pecados com as virtudes. Por isso, o melhor modo de não sermos dominados pelos pecados é não perdermos o alvo, a meta existencial que deveria ser o sacro-ofício de servir ao invés de apenas servir-se da natureza e da vida. E como todos os seres humanos possuem tanto os pecados quanto as virtudes, devemos ter tolerância com quem está sendo possuído por eles e criar condições para despertar as virtudes, em nós e nos outros. À medida em as pessoas se tornam menos egocêntricas e mais amorosas, principalmente iniciando o processo de amar a si mesma, no processo de emancipação espiritual com a prática da individualidade naturalmente as virtudes vão surgindo no lugar dos pecados.

É isso o que Jung propõe com integração da sombra. É por essa mesma razão que Jesus, na passagem com a prostituta diz: quem nunca errou que atire a primeira pedra, e nem Ele atirou!

Dra. Sueli Moretti Villas Boas, Psicóloga
Site: www.smpsicologia.psc.br

Fonte: http://74.125.47.132/search?q=cache:6Ha4wmCalu0J:www.ipirangacenter.com.br/colunista.asp%3Fid%3DC+obras+constru%C3%A7%C3%B5es+luxuria+luxo+vaidade+humanas&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br

Arte, Música, Política, Filosofia, Economia, Natureza e Cultura, tudo isso em Rosseau


Contra a supervalorização da razão, ele argumenta que a razão, a consciência, tornou-se um instrumento responsável pela má condução da sociedade, desde os primeiros momentos em que as primeiras relações sociais afastaram o homem de seu estado de natureza. À medida que se sucederam as idéias e sentimentos, na longa trajetória dos primeiros tempos de formação da vida social, o espírito e o coração do homem em estado de natureza entraram em atividade. A razão, formada através da longa sucessão dos acontecimentos, conduziu a sociedade para sucessivas etapas de progresso, que Rousseau chama de "novas luzes". As primeiras atividades do espírito, primeiras reflexões, primeiros atos de raciocínio, estão na origem das "luzes" e, simultaneamente, dos males sociais. Não fossem estas mesmas "luzes", não teriam surgido os males sociais.

Para saber mais, leia:
http://74.125.47.132/search?q=cache:aYPKrDCvr_oJ:www.espacoacademico.com.br/018/18cgiani.htm+ensaio+luxuria+luxo+vaidade+humanas&cd=8&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br

terça-feira, 22 de setembro de 2009

O PROCESSO DE DESCENTRALIZAÇÃO POLÍTICA - ADMINISTRATIVA NO BRASIL



Professor da Universidade de Ijui-RS e eu também defendemos a descentralização política do Brasil para que uma real democracia possa acontecer.

Veja:




O PROCESSO DE DESCENTRALIZAÇÃO POLÍTICA - ADMINISTRATIVA
NO BRASIL


Amir Limana,
Professor da Unversidade de Unijui (Brasil)


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Nenhum tema de ordem política no Brasil é tão importante para o futuro democrático daquele país do que o que diz respeito ao recorte de suas instituições políticas e que, em última instância, significa falar da questão federativa que neste momento começa a sair das preocupações restritas dos círculos acadêmicos para ganhar as ruas.

É unânime entre os cientistas políticos que tem se dedicado a estudar o Brasil, a constatação de que um dos principais problemas, no que diz respeito ao desenvolvimento democrático, é o fato de não termos uma tradição cívica da população que compõe o país, ou seja, as questões públicas estão longe das preocupações da maior parte da população. Por outro lado, está se tornando unânime, também, a identificação das razões deste desinteresse em participar das decisões políticas e estas estão associadas à formação histórica do país e ao seu recorte institucional.


Uma história de centralização


O longo período de colônia (1500 a 1822) deixou marcas profundas na cultura brasileira. O processo de independência veio muito mais como vontade das elites descontentes com a metrópole, do que da vontade do conjunto da população; diferente, por exemplo, do que ocorreu com os EUA, em que a população toma parte, de forma ativa, no processo de independização.

Com o período do Império (1822 a 1889) a situação tambem não muda em relação ao envolvimento da população com as questões políticas. Nem mesmo o advento da República (1889) ocorreu devido às pressões de uma população em luta por melhores condições de vida e sim, como se costuma dizer, por um golpe arquitetado na caserna, haja visto que os militares encontravam-se descontentes com o espaço que ocupavam na vida política e, desta forma, envolveram-se e tiveram uma participação ativa na criação da República, porém, a população manteve-se distante das questões que diziam respeito ao destino do país.

Esta situação de participação de apenas uma elite na vida política nacional só irá se alterar a partir da década de 1920 e culminará na, assim chamada, revolução de 1930 com a ascensão de Vargas ao poder, pondo fim ao período denominado de Primeira República e principiando a chamada Segunda República, que irá até 1964 quando os militares tomam o poder em um golpe, findando com o pouco de democracia que havia sido conquistada pela população até então. Com este golpe tem início o período mais difícil da vida política nacional que somente encerrará, de fato, com o processo constituinte e a promulgação da constituição democrática de 1988.

Se observarmos o período de democracia efetiva na história política brasileira, o que podemos notar, de pronto, é o quanto foi reduzido o tempo desta experiência. Mesmo assim, podemos observar uma grande disposição política e consideráveis avanços conquistados pela população, principalmente nos últimos dez anos.

Por muito tempo se disse que antes de abrir à possibilidade de participação política por parte da população, deveríamos munir o Estado de instituições fortes, para desta forma evitar o desmando ou então, de forma mais ideologizada, a anarquia. Como se tivesse um grau de precedência entre a institucionalização do Estado e a participação política, o que a nosso ver não se justifica, já que ambas se fortalecem ao mesmo tempo, na medida em que a participação engendra e aperfeiçoa as instituições e estas a participação em uma relação simbiótica. O que não invalida o argumento de que a democracia substantiva pressupõe instituições fortes, ou seja, institucionalizadas.

Hoje, após a constituição de 1988, podemos dizer que temos a possibilidade de viabilizar uma democracia substantiva no Brasil, a partir da existência de uma constituição democrática; de um parlamento em pleno funcionamento; de um sistema de partidos relativamente estruturados; de uma sociedade civil que reconhece suas instituições políticas e predisposta a participar; de um sistema eleitoral que impede a fraude nas eleições e, em fim, de condições que, podemos dizer, se igualam às existentes em países com um alto grau de desenvolvimento democrático.

Dito isto, não significa que não tenhamos problemas a serem resolvidos, os temos sim e muitos, mas a diferença com o passado é que hoje possuímos as condições para avançarmos no fortalecimento democrático. Um dos mais importantes e complexos aspectos que devemos resolver é aquele que diz respeito, de forma mais ampla, ao que se convencionou chamar, no Brasil, de "questão federativa" e de forma mais específica, as questões que dizem respeito ao debate centralização versus descentralização política-administrativa.

A história do estado Brasil é uma história de centralização política e administrativa. No Império, em que a base econômica era centrado em um regime escravocrata, centrada no latifúndio, a centralização das decisões de toda a ordem se constituíam em uma necessidade para a sobrevivência do próprio regime. Com a adoção da República presidencialista, muda-se o regime, mas não a centralização na dimensão da tomada de decisões políticas e administrativas. Esta realidade será a tônica em toda a Primeira República, tendo cedido um pouco de 1930 a 1937, com a chegada de Vargas ao poder, mas recobrando um recrudescimento, ainda com o próprio Vargas, a partir do Estado Novo, em 1937.

No período do Estado Novo (1937 a 1945), foi o momento em que o Estado mais se fez presente e de forma mais centralizada, é o período em que, na economia, o Estado assume para si a tarefa de implementação da indústria de base e toda a infra-estrutura para a industrialização que naquele momento inicia.

É a partir da deposição de Vargas em 1945 e com a constituição de 1946 que se iniciará um breve período, relativamente democrático no Brasil e que culminaria com as discussões populares que envolveram as chamadas reformas de base, propostas pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), partido do então presidente João Goulart. Estas discussões foram interrompidas, de forma abrupta, pelo golpe militar de 1964, tendo aí, os militares, retomado a centralização das decisões políticas e administrativas. O que não é de se estranhar, pois, a centralização é uma característica nas instituições militares.

É apenas a partir de 1988, com a nova constituição que ocorrerá uma mudança significativa do ponto de vista institucional, pois foram dadas as condições de uma descentralização efetiva nas decisões de governo, com a garantia constitucional de a população tomar as decisões por meio de seus representantes, eleitos diretamente em todos os níveis, mas principalmente participar através dos novos instrumentos da democracia direta, que são: o referendo, o plebiscito e a iniciativa popular.

A predisposição constitucional associada as características institucionais que antes mencionávamos, por si só, não são suficiente para garantir a continuidade do aperfeiçoamento e o fortalecimento democrático. Faz-se necessário observar o ensinamento do mestre da política, N. Maquiavel, ao argumentar que ao bom príncipe, em tempos de paz, convém dedicar-se ao estudo da história, para aprender com os erros dos governantes do passado para não cometê-los em suas ações e, por outro lado, imitá-los nas ações bem sucedidas.

O atual debate político no Brasil sobre o federalismo e a descentralização política-administrativa começa a tomar corpo e acirrar os ânimos de todos os que com a discussão se envolvem, indo muito além do círculo político e acadêmico diretamente envolvidos com a temática. Um dos motivos a alimentar este debate diz respeito ao fato de possuirmos um regime presidencialista extremamente centralizado. E, com a alternância de poder, próprio dos regimes democráticos, mudam-se os planos de governo e as prioridades das políticas públicas, fazendo da descontinuidade uma das principais características em tais políticas. Esta característica faz com que o desperdício dos escassos recursos públicos chegue a níveis alarmantes.

Desta forma, não é difícil para os cidadãos perceberem que se as prioridades nos investimentos dos recursos públicos e o acompanhamento da execução de tais ações fossem definidas pela população diretamente envolvida, os resultados seriam diversos, pois, mesmo mudando os governos, não mudariam as prioridades locais, mantendo uma linha de continuidade e, desta forma, evitando o desperdício de obras inacabadas. É fácil constatar que quando as ações são definidas por simples técnicos, distanciados dos problemas, na capital administrativa, nem sempre dispõem das informações indispensáveis para a tomada de decisões. Além da morosidade natural, decorrente da busca de informações e todas as providências necessárias, contam com o retardo decorrente de ajustes que sempre se fazem necessários neste tipo de ação.

No período da ditadura militar, que só terá termo, de fato, com a promulgação da nova constituição em 1988, o principal tema a mover os setores da classe política e a intelectualidade comprometidos com a democracia, não poderia ser outro que os esforços para reconquistar a democracia política e social. Após a promulgação da constituição a questão que começa a tomar corpo nas discussões políticas passa a ser aqueles referentes a execução das políticas públicas e da implementação dos dispositivos constitucionais, já que, a lei maior do país havia sido elaborada com a ampla participação da população, com o resultado de uma carta constitucional avançada do ponto de vista democrático. Porém, as dificuldades na implementação de políticas governamentais, mesmo os de amplo apoio da população, como os referentes à saúde, à educação ou ao processo de municipalização, não avançavam ou avançavam com muitas dificuldades. A pergunta que políticos e intelectuais começaram a fazer foi no sentido de encontrar as razões do porquê de tais processos não fluírem.

A existência de determinadas administrações municipais que sob a mesma constituição conseguem implementar políticas públicas com rapidez e eficiência com melhorias substanciais na relação custo/benefícios, percebidas pela própria população, amplia as indagações, com a diferença de que nestes municípios o orçamento público é discutido e a sua execução se dá obedecendo a vontade da população que define quais são as prioridades e controlam a sua execução. Estes avanços são possíveis, porém, muitos são os entraves que a carência de recursos impõe, já que a união centraliza e os libera, conforme as conveniências de quem ocupa o poder central. Chegamos neste ponto em um dos mais importantes aspectos que possibilitam a continuidade do desenvolvimento democrático no Brasil, ou seja, a questão que diz respeito a reforma administrativa


A reforma administrativa


O pano de fundo desta discussão como é explicitado por Pereira em Da Administração Pública Burocrática à Gerencial, é o da crise dos estados modernos, que estaria conformada , entre outros fatores, por uma crise fiscal; déficit público; restrição dos gastos sociais; baixo nível da poupança interna; busca de captação de recursos adicionais no setor privado para financiar as políticas sociais; esgotamento do modelo do Estado produtor/executor; pelas mudanças no cenário internacional (globalização da economia; aumento da competição; revolução tecnológica); privatização do Estado (ineficiente, corrupto, clientelista) e superação do modelo da administração burocrática.

A necessidade de mudanças na organização e nas funções do Estado estaria determinada pelo fato do Governo deter uma baixa capacidade de governo, ou seja ele não teria como fazer cumprir seus mandatos em função da inefetividade das decisões governamentais, por algum tipo de deficiência organizativa e/ou funcional. A reforma do aparelho de estado portanto visaria ampliar o grau de governabilidade, aumentando a capacidade do Estado em implementar de forma eficiente e eficaz as políticas públicas. Para tal seria necessário, aproximar-se da lógica privada de gerenciar: aumentar a competitividade, a eficiência, e a racionalidade no uso dos recursos.

Para isso o governo propõe um conjunto de medidas que implicam tanto em mudanças na base jurídico legal existente quanto nas relações de propriedade no interior do Estado. Essas mudanças visariam agilizar a administração através do aumento da descentralização e do grau de autonomia de órgãos e instancias da administração superando os atuais entraves que se situam nas áreas de compras, contratação de pessoal, execução orçamentária entre outros. Este conjunto de medidas envolve propostas de emendas constitucionais e a criação de nova legislação infra-constitucional contemplando: um redirecionamento do papel executor do Estado para o de promotor e regulador; uma ampliação da autonomia administrativa para fundações públicas e autarquias; implantação dos princípios da administração gerencial na administração pública; "publicização" de setores do Estado através da transferencia de suas atribuições para organizações privadas (organizações sociais); por um novo pacto federativo, através da descentralização da execução; por propostas de desregulamentação e desburocratização; modificações na lei de licitações e mudanças na legislação referente ao funcionalismo público.

O eixo central da proposta do Governo para a Reforma do Estado, parte da análise histórica dos três tipos de Administração Pública (patrimonialista, burocrática, gerencial). Defende o modelo gerencial que estaria baseado no controle de resultados, na competição administrada e na busca de eficiência (qualidade/custos) e critica o modelo burocrático que estaria baseado no controle de processos e na busca de efetividade e eficácia das decisões. O modelo patrimonialista estaria superado, tendo em vista o atual estágio de desenvolvimento da sociedade civil e da conquista de um grau maior de cidadania no país.

A estratégia definida pelo governo envolve três dimensões: o envio ao Congresso de um conjunto de emendas à constituição; projeto de lei criando as organizações sociais e mudanças na lei de licitações. As emendas constitucionais visam de um lado dar um grau diferenciado de autonomia às autarquias e fundações e de outro introduzir medidas que acabem com a estabilidade rígida do funcionalismo e com o r regime jurídico único.

Para dar consistência e lógica ao seu projeto o Ministério da Administração e Reforma do Estado (MARE) inovou ao definir uma matriz que classifica as funções de Estado em um gradiente indo daquelas consideradas típicas ou essenciais, àquelas em que o setor privado ou o mercado assumem papel relevante. A administração burocrática prevaleceria apenas no núcleo estratégico enquanto o mercado, através do programa nacional de privatizações absorveria as atuais empresas estatais. Para os níveis das atividades exclusivas e dos serviços não exclusivos foram concebidos respectivamente os modelos de agencias executivas e das organizações sociais. Enquanto o primeiro permanece dentro do Estado, o segundo transforma instituições públicas em organismos privados sem fins lucrativos. De comum aos dois, a implantação de modelos gerenciais semelhantes operacionalizados através dos denominados contratos de gestão.

As organizações sociais abrangeriam o setor de atividades não exclusivas a partir da transformação de instituições públicas das áreas de ensino, pesquisa, saúde, desenvolvimento tecnológico, cultura e preservação do meio-ambiente, em pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos.

Neste modelo analítico e propositivo, Estado e mercado são espaços onde se dá a articulação entre os sistemas econômicos e sociais. A proposta do governo sugere a existência de um espaço entre Estado e mercado em que no sentido Estado / mercado diminuiria a razão pública, decresceriam a racionalidade política e a efetividade e por outro lado aumentariam a razão privada, a racionalidade econômica e a eficiência. Uma avaliação mais critica destas propostas do governo demandaria um espaço e esforço de outra ordem do que nos propomos aqui e fica para uma outra oportunidade.

Como conclusão gostaríamos de salientar que a reforma do Estado, no sentido de instrumentalizá-lo com instituições descentralizadas e institucionalizadas é uma condição indispensável para a consubstanciação da democracia efetiva e é necessário ter paciência histórica já que o desenvolvimento da cultura cívica obedece uma relação simbiótica entre o engendrar de novas instituições e a participação e, o processo de descentralização política-administrativa é um passo importante da engenharia política a favorecer este aspecto. Neste sentido, as reformas propostas pelo governo são importantes mas não garantem por si só que teremos a institucionalização de um Estado mais horizontalizado, propiciando o acesso mais rápido dos cidadãos a ele. É necessário desenvolver uma cultura cívica e para isto teremos que lutar contra os resquícios de nossa história patrimonialista e de um estado centralizado e distante dos cidadãos.


Bibliografia


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© Copyright: I Coloquio Internacional de Geocrítica, 1999

Fonte: http://www.ub.es/geocrit/sn-45-21.htm

Essa pergunta foi a vencedora em um congresso sobre vida sustentável.
“Todo mundo 'pensando' em deixar um planeta melhor para nossos filhos.... Quando é que 'pensarão' em deixar filhos melhores para o nosso planeta?”



Uma criança que aprende o respeito e a honra dentro de casa e recebe o exemplo vindo de seus pais, torna-se um adulto comprometido em todos os aspectos, inclusive em respeitar o planeta onde vive...

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Progresso do progresso


Quando o Brasil ficou rico, com a exportação do açúcar, não havia modo de debater o destino dos recursos que chegavam. Éramos uma mera colônia, e a ideia do progresso econômico não tinha sido criada. Quando começou a exploração do ouro, o Brasil da mesma forma ainda era uma colônia escravocrata, e o ouro não nos serviu. A renda do ouro partia de Minas Gerais para Lisboa, e daí para cidades inglesas, para atender ao luxo e ao desperdício dos ricos portugueses, servindo ao progresso industrial da Inglaterra. Em vez de investir nas novas máquinas que surgiam – os teares mecânicos –, Portugal comprava o tecido inglês, abrindo mão de ser um país industrial.

Contribuiu para isso o fato de que os inventores eram ingleses, e Portugal não tinha nem capacidade científica e tecnológica nem educação para se industrializar. Naquele tempo, nem portugueses nem brasileiros tinham como entender a lógica do processo de desenvolvimento, nem eram capazes de projetar o futuro. Quando Getúlio, e depois Juscelino, iniciaram o processo de desenvolvimento econômico, já existia o desejo de progresso e também o conhecimento para induzir o desenvolvimento.
O que nós ainda não sabíamos era que, ao lado das boas coisas, o progresso carregava concentração de renda, violência, aquecimento global, poluição, degradação urbana, inflação, endividamento, dependência, corporativismo e outros efeitos negativos. Foram necessários 50 anos de desenvolvimento contínuo para descobrirmos que existem o progresso bom e o mau. Agora, quando surge a possibilidade de explorarmos as novas reservas de petróleo na camada do pré-sal, já temos conhecimento para imaginarmos o futuro e temos experiência suficiente para sabermos que o progresso precisa ser orientado. Em seu discurso, na noite do Sete de Setembro, o presidente Lula pediu à população que pressionasse o Congresso a aprovar com rapidez os projetos de lei que vão possibilitar os recursos para explorar o pré-sal e definir o uso dos resultados obtidos com ele. Mas ele se esqueceu de pedir ao povo – estudantes, professores, empresários, donas de casa – que organize um debate sobre qual progresso deseja para o futuro do Brasil: se mantemos nossa aceleração no rumo do mau progresso ou se marchamos para um bom progresso que nos traga distribuição de renda, economia do conhecimento, equilíbrio ecológico, paz nas ruas e no campo, ética na política.

Só então, depois de ter escolhido o padrão de progresso para o futuro, a população deve responder as perguntas sobre o pré-sal: de fato ele existe nas dimensões apresentadas? Quais são as perspectivas para o preço do petróleo no futuro, diante da certeza de substituição do combustível fóssil por combustível limpo? Quais são os efeitos da queima dessas reservas de petróleo sobre o clima? Como a economia do petróleo disputará com a economia do etanol? E se tudo der certo, o que faremos com os recursos obtidos? Sobretudo, o povo deve debater as trágicas conseqüências de esperarmos pelos resultados do “pré-sal”, em vez de investirmos, desde já, em educação, saúde, segurança, defesa, ciência e tecnologia, com os recursos de que o Brasil já dispõe. Outros países mais pobres, sem petróleo, já fizeram suas revoluções. Talvez exatamente por não terem recursos naturais abundantes, açúcar, ouro ou petróleo, tiveram de desenvolver suas capacidades científicas e tecnológicas, educar o povo, promover a maior de todas as energias de um povo: os cérebros de seus habitantes. Nós fizemos o contrário: o ouro, o ferro, o açúcar, o café, adiaram nossa indústria mecânica até a metade do século XX.

E agora, com o petróleo, quando chegou a hora de reorientar o destino do progresso, o Brasil corre o risco de usar essa nova riqueza para não mudar de rumo. Podemos perdoar as gerações do passado, mas não seremos perdoados pelas futuras gerações, porque já sabemos o que é o progresso e porque já conhecemos suas consequências, boas e más. Temos a obrigação de fazer mais do que progresso. Temos de fazer o progresso do progresso.

Artigo do senador Cristovam Buarque, publicado na edição de 12/09 no jornal O Globo.Cristovam Buarque é senador pelo PDT do DF e ex-reitor da UnB.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A MALDIÇÃO COLLOR


Mais uma vítima fatal da Maldição Collor. O implacável destino acerta mais uma vez as suas contas e valida o que se conhece em Brasília, como a Maldição Collor. Dessa vez foram brutalmente assassinados o ex-advogado de Collor, José Guilherme Villela, sua esposa e empregada. Todos trucidados cruelmente por prováveis latrocidas. A sina de mortes trágicas, doenças graves, acidentes, cassações de mandatos e perdas de reputações e privilégios governamentais parece atingir todos que rondaram o ex-presidente do Brasil, Fernando Collor de Melo. Veja os fatos que comprovam essa terrível maldição: Seu irmão Pedro Collor, - que o denunciou a justiça -, morreu em dezembro de 1994 em conseqüência de um tumor cerebral. O irmão mais velho do ex-presidente, Leopoldo Collor também foi vítima fatal de câncer. PC Farias (ex-tesoureiro da campanha eleitoral de Collor) foi assassinado em 1996, junto com a sua namorada Suzana Marcolino, numa casa de praia em Guaxuma (AL). Vale citar também o padecimento da esposa de PC, Elma Farias, que morreu em 1994 depois de passar vários meses sofrendo devido a um grave edema pulmonar. A mãe de Collor, Leda Collor, entrou em coma em setembro de 1992, logo após o escândalo envolvendo o filho e morreu em fevereiro de 1995, com paralisia em vários órgãos. Rinaldo da Silva Lima, segurança particular de PC Farias e churrasqueiro oficial da Casa da Dinda na época de Collor, foi assassinado em abril de 1999. Na área política a Maldição Collor atacou seus aliados e até ferrenhos adversários políticos, como Lindberg Farias que liderou os ‘cara-pitadas’ no processo de cassação de Collor. Lindberg se filiou ao PT e se elegeu prefeito em Nova Iguaçu(RJ). Depois ele foi afastado do cargo por suspeita de corrupção na prefeitura. O atual senador Renan Calheiros(aliado de Collor) teve de renunciar em 2008 a presidência da casa, depois de ser acusado de usar dinheiro de uma empreiteira para pagar pensão a uma ex-amante. A ziquizira da Maldição Collor atingiu até os seus mais algozes inimigos. O deputado Ulisses Guimarães morreu num acidente de helicóptero em outubro de 1992 e seu corpo jamais foi encontrado. Os lideres e fundadores do PT José Dirceu e José Genoino Neto tiveram de renunciar os seus mandatos legislativos devidos aos envolvimentos viscerais com a corrupção política que ocorreu no primeiro mandato do presidente Lula e que ficou conhecida como ‘mensalão’. O deputado Ibsen Pinehiro, então presidente da câmara dos deputados na época do impeachment de Collor, foi cassado do mandato devido seu envolvimento ilícito com as tramóias descobertas pela CPI do orçamento. Até a ex-mãe-de santo de Collor, conhecida como Mãe Cecília, que fazia rituais de magia negra nos jardins da Casa da Dinda, sofreu as conseqüências de seu envolvimento no maldito clã de Collor. Depois de passar por sérias dificuldades financeiras e problemas de saúde, ela se converteu e é hoje evangélica e vive fazendo cultos e vendendo Cd’s da sua religião pelo interior do Nordeste. Com o recente brutal assassinato do advogado José Guilherme Villela, perece que a Maldição de Collor voltou a atazanar os ares de Brasília e há quem diga que muita gente que andou chamando o senador Fernando Collor de amigo e parceiro, está como medo de pegar até gripe. Afinal a terrível gripe suína, por suas características mortais e tacanhas deve ter pelo menos ‘um dedinho’ de Collor no seu fatídico DNA.
by: Roberto Rabat
fonte: http://www.r2cpress.com.br/node/9263#comment-17169