terça-feira, 13 de outubro de 2009

EFEITO COCA-COLA E REGRIGERANTES


Para lavar o banheiro, vire uma lata de COCA-COLA no vaso, deixe que a
bebida repouse por 1 hora e depois dê descarga. O ácido eliminará as
Manchas na porcelana.

Para eliminar manchas de oxidação de decalques nos automóveis,
esfregue o decalque com um pedaço de alumínio (bombril) molhado na
COCA-COLA.

Para limpar a corrosão nos terminais de baterias do automóvel vire uma
Lata de COCA-COLA sobre os terminais para desfazer a corrosão.

Para afrouxar um parafuso oxidado - aplique ao parafuso um tecido que
ficou molhado em COCA-COLA por vários minutos.

Pra assar um presunto defumado - esvazie uma lata de COCA-COLA na
forma, envolva o presunto em papel alumínio e asse-o. Trinta minutos
antes que esteja pronto, retire o alumínio para que as gotas de
COCA-COLA dourem com o presunto.

Para tirar a graxa das roupas, esvazie uma lata de COCA-COLA na roupa
gordurosa, adicione detergente e programe um tempo médio.

A COCA-COLA ajudará a remover as manchas de gordura. COCA-COLA também
ajuda a limpar pára-brisas.

É isso que bebemos!!! Para sua informação:

O PH de bebidas gasosas, por exemplo, é 3,4. Esta acidez é tão forte
que dissolve dentes e ossos. Nosso corpo detém o crescimento dos ossos
na idade de 30 anos e depois disso, aproximadamente 8% -18% dos ossos
se dissolvem a cada ano através da urina, dependendo da acidez dos
alimentos ingeridos.

Acidez não depende do sabor da comida, e sim da relação de potássio,
cálcio, magnésio, fósforo, etc. Todos os compostos de cálcio
dissolvidos se acumulam nas artérias, veias, tecidos da pele e órgãos.
Isto afeta o funcionamento dos rins.

Os refrigerantes não tem nenhum valor nutritivo (vitaminas e minerais).

Tem um conteúdo alto de açúcar, acidez e mais aditivos como
conservantes e corantes.

Muitas pessoas gostam de refrigerantes gelados depois de comer.
Adivinhe qual o impacto?
Veja: Nosso corpo tem uma temperatura de 37 graus para o funcionamento
das enzimas digestivas. A temperatura de refrigerantes gelados é muito
menor de 37 graus, às vezes quase zero grau, isto reduz a efetivação
das enzimas e força o sistema digestivo a digerir menos comida. De
início a comida fermenta. Os alimentos fermentados produzem gases e
mau cheiro, decompõem-se e formam toxinas que absorvem os intestinos,
circulam no sangue e se espalham em todo o corpo. O derramamento de
toxinas pode provocar várias
doenças.

Bióxido de carbono é algo que nada no mundo recomendaria.

Se você fizer uma experiência, colocando um dente quebrado em uma
garrafa de Coca, por exemplo, em 10 dias o dente se dissolverá. Olha
que os dentes e ossos são os únicos elementos do corpo humano que
permanecem intactos depois da morte.

Imagine o que faz um refrigerante no intestino!!!

Os que gostam, podem continuar, porém, com mais conhecimento sobre seus efeitos.
Mas, que tal trocar o refrigerante por água com gás misturado com um
suco, com uma fruta? Fica delicioso e é nutritivo. Experimente!

DA NET.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

POESIA CULTURAL



Nessa longa busca de conhecimento
Um livro veio me ao relento
Ampliar minha sedenta mente
E trazer motivos pra seguir em frente

Nas asas da cultura aprendi
Que do século que está passando
Nada podemos esperar
Ao contrário,
Disse Garcia Marquez

Humanos,
Demasiados Humanos
Foi o que nos tornamos

E Nietzsche esqueceu-se
Da ontogênese * e da filogênese**
E graças a Gaia
Não reproduziu seu gene.

By: Kelly Triacca
*Ontogenia (ou ontogênese) descreve a origem e o desenvolvimento de um organismo desde o ovo fertilizado até sua forma adulta. A ontogenia é estudada em Biologia do Desenvolvimento. A ontogênese define a formação e desenvolvimento do indivíduo desde a fecundação do óvulo até à morte do indivíduo. A ideia de que a ontogenia recapitula a filogenia, isto é, que o desenvolvimento de um organismo reflete exatamente o desenvolvimento evolucionário das espécies, está hoje desacreditada. Não obstante, muitas conexões entre ontogenia e filogenia podem ser observadas e explicadas pela teoria evolucionista.

**Filogenia (ou filogênese) (grego: phylon = tribo, raça e genetikos = relativo à gênese = origem) é o termo comumente utilizado para hipóteses de relações evolutivas (ou seja, relações filogenéticas) de um grupo de organismos, isto é, determinar as relações ancestrais entre espécies conhecidas (ambas as que vivem e as extintas).

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Patrimônio cultural: novas fronteiras



O conceito de patrimônio cultural e sua crescente abrangência não vêm sendo acompanhados, no Brasil, por uma reflexão sobre as formas de proteção e de gestão do patrimônio. A seleção dos bens culturais a serem preservados à luz dos tratados e convenções internacionais recepcionados pela Constituição de 1988 e as formas legais de acautelamento dos bens culturais não conseguiram evitar a destruição e crescente descaracterização dos objetos oficialmente protegidos, face à incompreensão sobre o papel dos órgãos de preservação oficiais e a dificuldade em conceber a propriedade privada como um bem que deve atender a uma função social e cultural.


Para saber mais, leia esse excelente texto de Ana Raquel Beltrão: http://www.ccj.ufpb.br/primafacie/prima/artigos/n1/artigo_3.pdf

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

EVOLUÇÃO, ELA VAI ACONTECER, QUEIRA OU NÃO.


Se você quer conhecer as possibilidades de um futuro melhor para o Brasil,
recomendo a leitura abaixo para poder agir com consciência tranquila de que
estará vinvendo de forma ecologicamente correta hoje para deixar um meio ambiente limpo e farto para nossos descendentes.

EVOLUÇÃO, ELA VAI ACONTECER, QUEIRA OU NÃO.

Kelly Triacca



Obs: Faço minhas essas palavras:










Folha de S. Paulo, 1º de outubro de 2009.

TENDÊNCIAS/DEBATES

Preferir Marina
JOSÉ ELI DA VEIGA



A base de apoio de um governo Marina Silva será necessariamente construída pela atração daquilo que há de melhor no PT e no PSDB





A PROFUNDA convicção de que o Brasil só se tornará uma nação desenvolvida se vier a ser simultaneamente competitivo e ambientalmente sustentável é o que move todos os que já veem na senadora Marina Silva a melhor solução pós-Lula. E, para explicar os motivos dessa aposta, são unânimes em também enfatizar valores de vida e de convivência consagrados na sexagenária Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Porém, alguns revelam duas sérias propensões a dúvidas ou restrições.
Por um lado, que a espiritualidade de Marina possa trazer prejuízos ao racionalismo iluminista que vem ajudando a sociedade a se livrar de inúmeras superstições e preconceitos limitadores de autonomia individual e de liberdades cívicas. Por outro, que as inescapáveis circunstâncias políticas da viabilização de sua candidatura não ofereçam as imprescindíveis condições de governabilidade.

Na primeira tendência chega a haver insinuações de atitude obscurantista pelo fato de Marina Silva não ser categórica sobre meia dúzia de questões: acesso legal das mulheres ao aborto, direito de usar drogas leves, conquistas da comunidade LGBT, educação científica separada da religiosa nas escolas confessionais e normas de biossegurança para cultivos transgênicos ou pesquisas com células-tronco.
Antes de tudo, não se deve esquecer que são questões sobre as quais há sérias controvérsias ético-científicas que racham a sociedade brasileira. Podem ser ótimas para inquirir a senadora, porque ela assume sua condição de evangélica. Mas, fosse ela tão hipócrita quanto exigem as práticas mais costumeiras da política, tais polêmicas nem seriam lembradas. Muito menos usadas em tentativas de estigmatizá-la ou tachá-la de fundamentalista.

Pois bem, eu sou ateu há mais de 40 anos e radical adepto do darwinismo generalizado. Entendo as religiões como frutos da adaptação cultural. Por isso, não tenho dúvida em optar pelos valores humanos que guiam a senadora. Pois ele são infinitamente superiores àqueles preferidos por materialistas vulgares e que servem até para justificar toda a nojeira que tem sido praticada no Senado e na Câmara dos Deputados pelos dois oligopólios partidários.
Por que deveria eu ter aversão a uma crente que nutre mais respeito pela diversidade cultural e pelas liberdades civis do que todas as raposas políticas juntas? Apenas uma lembrança: as que agora bajulam o ilegítimo e horrendo regime iraniano.
Sobre a segunda tendência, como estimar as chances de governabilidade? A base de apoio de um governo Marina será necessariamente construída pela atração daquilo que há de melhor no PT e no PSDB, alijando do poder os arranjos que foram montados por oligarcas com o propósito de chantagear os presidentes FHC e Lula. Só Marina poderá isolar essa corja.
Se der Ciro ou Dilma, o poder será exercido em parceria com esquema bem semelhante ao que está sendo regido por Sarney, Renan, Temer & Cia. Ltda. Se der Serra ou Aécio, esse mesmo arranjo será recauchutado sob a égide dos demos.
Por isso, a pergunta básica ao eleitor bem informado é: o que será melhor para a sociedade brasileira? Um governo de rude gerência executiva, necessariamente refém de sinhozinhos que organizam e comandam fisiológicos e oportunistas de todas as siglas e regiões, ou uma coalizão entre social-democratas e verdes conduzida por meiga, firme e serena seringueira negra com larga experiência política senatorial e ministerial?
Além disso, não será melhor que a chefia do Estado siga rigorosamente código de ética em que a sustentabilidade ambiental seja algo intrínseco?
Ou seria melhor que ficasse para quem já foi capaz de falsificar méritos universitários e ignora os riscos que corre a espécie humana, por falta de precaução com uma dezena de problemas usualmente classificados de "ambientais", mas que, a rigor, são de segurança e tão sérios quanto a violência alimentada pelo narcotráfico ou por todas as máfias e gangues que põem em xeque o Estado de Direito?
Enfim, está mais do que na hora de parar com esse besteirol de dizer que a alternativa verde seria "ambientalista". O que a distingue de candidaturas vermelhas, rosas ou de colorida plumagem não é qualquer apego romântico à preservação da natureza.
Ao contrário, é a consciência de que não haverá desenvolvimento se o crescimento econômico minar a sustentabilidade ambiental. De que crescer sem conservar é cavar a própria cova.



JOSÉ ELI DA VEIGA , 61, é professor titular da Faculdade de Economia da USP. www.zeeli.pro.br

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Pela Evolução da Eco-Cultura Popular




Há muitos anos, muitos mesmos, é possível ver que o povo brasileiro fica indignado ao ver tantas atrocidades cometidas por seus governantes, como também por cidadãos comuns. Em toda a sua história, os mais variados meios de comunicação desse país nos informam sobre desvio de verba pública; roubo de medicamentos de postos de saúde públicos; parlamentar que não comparece ao plenário e também não justifica por que não foi; presidente que retira o dinheiro da poupança de todos os brasileiros pra pagar dívida pública, mas acaba tomando posse do dinheiro; presidente que usa dinheiro público pra pagar dívida de cafeicultores; monarca que sai de Portugal e toma casas de pessoas para habitação de toda sua côrte; etc; etc; etc.
Todo esse dinheiro do povo que é tomado por particulares egoístas, acaba gerando uma série de transtornos sociais, tais como: pessoas que desistem de tentar ganhar seu sustento para roubar; crianças sem escola de qualidade, professores mal pagos; falta de remédio e atendimento médico; uso desordenado de drogas; pessoas com casas em barrancos sendo aterradas pois não tem onde morar; etc; etc; etc.
As causas desses problemas se resumem em duas principais: “a existência forte e marcante de um sistema de organização social centralizador, ou seja, federalismo” e “a falta de uma cultura de honestidade e respeito mútuo entre as pessoas”. Quanto ao sistema federalista, é importante que se saiba primeiramente como se dá a sua origem histórica - para saber mais, leia o texto “O processo de descentralização política - administrativa no Brasil” - .

A CENTRALIZAÇÃO POLÍTICA BRASILEIRA
De forma coerente, o professor da Unijuí relata que é a partir do fim da Era Vargas em 1945, que se iniciará um breve período, relativamente democrático no Brasil com a constituição de 1946 e que culminou com as discussões populares que envolveram as chamadas reformas de base, propostas pelo presidente João Goulart e seu partido, o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro). Notando que poderia perder seu poder e suas respectivas regalias, a velha elite aristocrática e seu sistema militar, põe fim a isso, e dão o golpe na democracia, chega então a Ditadura, retomado a centralização das decisões políticas e administrativas.
Quem entende um pouquinho de organização militar (exército, marinha e aeronáutica), sabe que a centralização pautada na hierarquia e na obediência cega às ordens superiores é uma característica fundamental nas instituições militares. Isso também não é novo, pois a própria gênese histórica dos estados centralizadores, lá no sistema feudalista, tem como pressuposto uma organização militar (vassalos) com grande poder bélico para manter em ordem e submisso toda a casta, a qual deverá trabalhar arduamente para sustentar a nobreza. Então quem tem controle das estruturas beligerantes, pode, caso queira, ter o controle da organização social. A base de espada, bala e bombas atômicas, qualquer um se submete. Mera coincidência? Claro que não, a história anda em espiral.
Nas palavras de Linama, vemos como esse tema é corrente:
“Nenhum tema de ordem política no Brasil é tão importante para o futuro democrático daquele país do que o que diz respeito ao recorte de suas instituições políticas e que, em última instância, significa falar da questão federativa que neste momento começa a sair das preocupações restritas dos círculos acadêmicos para ganhar as ruas.
É unânime entre os cientistas políticos que tem se dedicado a estudar o Brasil a constatação de que um dos principais problemas, no que diz respeito ao desenvolvimento democrático, é o fato de não termos uma tradição cívica da população que compõe o país, ou seja, as questões públicas estão longe das preocupações da maior parte da população. Por outro lado, está se tornando unânime, também, a identificação das razões deste desinteresse em participar das decisões políticas e estas estão associadas à formação histórica do país e ao seu recorte institucional.” ...
...“Um dos mais importantes e complexos aspectos que devemos resolver é aquele que diz respeito, de forma mais ampla, ao que se convencionou chamar, no Brasil, de "questão federativa" e de forma mais específica, as questões que dizem respeito ao debate centralização versus descentralização político-administrativa.”
Resumidamente a história do estado Brasil é uma história de centralização política e administrativa, ou seja, a formação da organização política do Brasil foi um processo que aconteceu de fora para dentro e de cima para baixo. A Independência, a Proclamação da República, o fim da República dos Cafeicultores, o Fim da Ditadura, a Constituição de 1988, todos, apesar de falhos, tiveram sua importância para a construção de um país mais democrático e justo. No entanto essas mudanças foram graduais e ainda não produziram o efeito esperado, as políticas populistas ainda vigem. Mesmo que a constituição de 88 tenha dado maior poder de gestão aos municípios, como nunca aconteceu na nossa história, precisamos evoluir mais. Precisamos agora de uma nova organização política, com municípios mais independentes, autônomos. Precisamos que a centralização federalista perca espaço para uma fragmentação de poder, onde as pessoas ficarão mais próximas dos locais de decisão e de poder. É a fragmentação do poder.

CULTURA DE MASSA E CENTRALIZAÇÃO:

Quanto à cultura do jeitinho malandro e esperto da maioria da população brasileira, cabe destacar que sua origem histórica e a forma como se dá sua conexão com o sistema político centralizador do Brasil. Esse costume de querer se dar bem, de acatar aquele velho ditado “Pagando bem, que mal tem.”, de receber o troco errado e não devolver, tudo isso tem uma longa tradição e vem desde os primeiros europeus que aqui chegaram. No período inicial de descoberta e ocupação do Novo Mundo (América), os ditos desbravadores, por vezes, eram homens que queriam enriquecer da noite pra o dia, encontrar ouro e especiarias que lhe rendessem ganhos para voltar a Europa e usufruir disso tudo. Outros eram criminosos que receberam a condenação de ter que vir colaborar com o Rei para ampliar suas terras. Eles não tinham intenção de aqui permanecer, fixar residência, constituir um novo lugar bom para se viver. Praticavam ações deploráveis, sem a vigilância da sociedade ocidental, sentiam-se na liberdade de fazer tudo que anteriormente lhes era proibido, como forçar mulheres (indígenas e negras) a ter relações sexuais.
Dessas relações é que foram nascendo aquilo que viríamos chamar os mestiços brasileiros. Sabendo da importância de uma estrutura familiar e educacional para se formar bons seres humanos, imagine como era a cabeças dessas crianças que em sua grande maioria não era reconhecida pelos pais, e dificilmente passavam a ser agregadas pelo grupo da mãe, sofrendo com o forte preconceito. Não se espante que o termo mulato, esteja ligado à palavra mula, a qual tem como sinônimos “falta de inteligência”, “burro”, “animal de carga”. Essas crianças quando adultas já aprendiam que para sobreviver nessas terras de gente mesquinha, seria preciso ter “manhã”, ser “malandro”.
Esse preconceito que sofriam - e muitos ainda sofrem - é fruto de um valor que os brancos tinham com relação ao conceito de “identidade cultural”. Estudos antropológicos de grupos sócio-culturais comprovam que para ser agregado ao seio do grupo é necessário que o ser agregado seja considerado como mais um par, ter semelhança social e física com o grupo, ser considerado como “próximo”, e não como “’outro” ou “inimigo”. É nesse raciocínio que se baseia a prática de crimes racistas, pois o racista não entende o “outro” como alguém que lhe seja semelhante, assim como de antipatia, diferença, ódio. Também é nesse raciocínio que se baseia os sentimentos de empatia, afinidade e amor.
Então, por ser um Estado montado de forma exógena, digo de fora pra dentro, com uma elite de mando branca e ocidental vê se claramente porque foi e é necessária a continuidade de projetos que venham formar uma identidade cultural uma. Note-se que apesar de hoje termos alguns descendentes de indígenas, negros ou mestiços em altos postos e cargos políticos e econômicos, a sua grande maioria é branca e descendente da velha aristocracia-escravocata-patrimonialista-cornelista, que pouca identidade cultural tem com o grupo social menos favorecido, que tem os piores salários e postos de trabalho, que mora nos guetos, à margem da sociedade. É verdade, a história vai se movendo em movimentos espirais.
No entanto, apesar de todas as tentativas por parte dos governantes brasileiros de forjar uma identidade nacional única (concursos de livros de história do Brasil, de cultura brasileira, uso meios de comunicação de massa, criação de bandeira, hino nacional...), do Oiapoque ao Chuí, esse país possuí inúmeras formas de organizações sociais com suas respectivas culturas e cosmologias, o que leva com que essas tentativas tenham como resultado o fracasso. Isso porque esse estado centralizador é incapaz de se fazer representativo de todas essas formas organizacionais e assim promover a satisfação de todos os quase 200 milhões de brasileiros ocupantes desse imenso território. (Citar exemplos de diferentes culturas e seus valores). Observe que essa tese é válida para a maioria, se não para todos os grandes territórios com sistemas políticos centralizados.
Nossa estrutura governamental, legislativa, judiciária e orçamentária é tão complicada, que só com muitos anos de dedicação e estudo é possível adentrar os cargos decisórios, bem remunerados e relevantes dessa estrutura através de concurso público. Para se dedicar ao estudo dessa forma, é necessário ter tempo disponível, dinheiro para comprar bons livros, boa alimentação e espaço adequado que lhe permita a concentração. Tudo isso não é para qualquer brasileiro: grande parte fica no meio do caminho da educação formal por falta de alguns, se não todos, esses requisitos acima citados.
Os cargos decisórios, bem remunerados e relevantes dessa estrutura que não requerem concurso, ou são ocupados por indicação de alguém, ou são ocupados através de eleição. Sabemos, na prática, que essa indicação dificilmente é pautada pelo mérito e pela competência profissional, mas sim pelos laços de amizade, familiaridade e empatia e identidade. Sabemos também que para ser eleito nesse país – isso até agora, pois com a ampliação do acesso à internet, como meio de comunicação mais democrático, isso irá mudar – é necessário estabelecer parcerias com a velha ordem política e econômica para se ter acesso aos sistemas de comunicação onerosos, como um tempinho de horário nobre nas emissoras Globo, Record ou SBT, é preciso também ter cacique para mandar fazer milhões de santinhos, comprar objetos (dentaduras, cestas básicas) ou fazer um grande show com o cantor mais popular que aparece nos programas televisivos de domingo à tarde. Tudo isso para ganhar o voto de um pobre eleitor. Conforme manda a cultura política de massa e populista. E assim vamos andando de mãos dadas com o velho sistema coronelista.
A falta de identidade cultural entre a elite dirigente que comanda nossa estrutura política e econômica e os “outros” é causa dessa eterna crise que o sistema político centralizador e que hoje chamamos de Federalismo. Pelas andanças no interior, nas cidades pequenas desse país é possível ouvir a insatisfação das pessoas simples que não entendem porque tantos recursos e impostos precisam sair de se Município, ir para o Estado e depois para a União, para percorrer o caminho de volta. DISCURSO DEP. JURUNA. O que elas entendem é que querem que seus recursos fiquem ali mesmo pra ser investido no que elas acharem necessário, e não que isso seja decidido dentro dos gabinetes de Brasília, com licitações e cartas marcadas, com projetos desenvolvimentistas moldados pela forma de viver ocidental, com políticas públicos que não consideram verdadeiramente o potencial autóctone da região e das pessoas que ali residem.

POLUIÇÃO DO MEIO AMBIENTE E CENTRALIZAÇÃO

Para agravar toda essa situação, atualmente a humanidade, incluindo os brasileiros (claro!), enfrenta uma série de desastres ambientais que tendem a se agravar cada vez mais. As causas desses desastres, além de dependerem urgentemente de ações remediativas por parte de todos (estado centralizador, empresas, indivíduos), dependem também de uma mudança na forma de organização social e política no sentido de possuir multi-centros políticos e de uma cultura de respeito ao “próximo ”.
O sistema centralizador da política e da economia brasileira continua a ser pautado pela exportação e pela tentativa de criar em todos os brasileiros o costume igual de comer, vestir, falar e pensar. As emissoras de TV supracitadas, assim como outros meios de comunicação de massa, cumprem bem esse papel, com seus programas de culinária, de moda e música brega. Com isso, pessoas que poderiam alcançar os ideais de satisfação e felicidade na sua forma própria de viver, acabam tendo um sentimento de querer possuir aquilo que passa nas propagandas agressivas. Para comprar a mais nova Barbie ou o último lançamento de TV, o pai ou a mãe vêem se obrigados a ter que ir morar o mais perto das metrópoles, mesmo que a casa seja bem pior do que tinham na cidade pequena. Nos barrancos, nos morros ou nas favelas, esses seres gastam horas de sua vida para conseguir a moeda de troca e assim consumir aquilo que manda a propaganda, deixando seus filhos a mercê da sessão da tarde alienante, com seus filmes de cachorro ou sereias norte-americanos. Isso também gera a perda da cultura da vizinhança, pois quando chegam em casa, os trabalhadores já ligam a TV.
A estrutura política e econômica centralizada, seus meio de produção industrializada e seus meios de comunicação de massa são um dos grandes responsáveis pelo consumo desenfreado, pela desvalorização daquilo que o bioma natural oferece e conseqüentemente pela crise ambiental que enfrentamos . Para que todos possam comer o mesmo alimento que não é produzido naturalmente naquele local, é necessário que se transporte de longas distâncias ou que se desenvolvam tecnologias agrárias capazes de reproduzir plantas e animais em habitat diferente do de origem, veja, por exemplo, o caso dos transgênicos. Isso, obviamente, gera muito mais impacto do que se os seres humanos buscassem adaptar sua alimentação aos alimentos ofertados naturalmente no local onde moram. Essa prática é uma prática comum entre grupos sociais menores, de longa tradição histórica e cultural, e que estão pouco afetados pelo consumo de produtos excessivamente industrializados. E ressalte-se que além dos alimentos, essa idéia também vale para o uso de medicamentos, vestimentas, construção, etc.
Estudos antropológicos de grupos sociais demonstraram que elementos da natureza, como mudanças de estações, período de plantio e colheita, rituais de morte e acasalamento, normalmente estão ligados às festividades e costumes de grupos humanos. Como num movimento simbiótico, vemos como a natureza acaba por pautar muitos dos costumes culturais de um povo. O grande afastamento que se teve da natureza e de seus ciclos vitais, levando as pessoas a viverem de produtos artificiais, com uso exacerbado e desnecessário de materiais descartáveis (fraldas, copos, pratos, roupas, embalagens...) é um dos grandes responsáveis pela crise ambiental que enfrentamos. Para que voltemos a ter um meio ambiente equilibrado, é preciso que haja novamente uma aproximação com os elementos da natureza e suas mudanças.
EDUCAÇÃO ALIENANTE e CENTRALIZAÇÃO:

Para que essa estrutura política e econômica centralizada funcione é preciso que haja um sistema educacional propício onde as pessoas percam a noção de seu papel na sociedade. É do senso comum que um melhor aprendizado está diretamente ligado à prática do que é aprendido. Veja, por exemplo, se uma pessoa quer aprender música, mas a didática utilizada só faz uso de teorias, sem uma prática musical, sem que se ouça o som, o processo é muito difícil, se não impossível. É com base nesse pensamento que Paulo Freire, um dos grandes pedagogos de nossa história, falou sobre a necessidade de se adequar os livros didáticos de alfabetização fazendo uso de termos cotidianos para as pessoas. Para ele era inconcebível que se ensinasse “U” de uva para uma criança do interior do nordeste brasileiro que nunca tinha ouvido falar de uva.
A despeito de alguns professores heróis e que não seguem esse modelo alienante, a maioria das crianças e jovens que passam pelo ensino formal brasileiro acabam perdendo grande parte de seu precioso tempo de vida aprendendo coisas que nunca farão uso em sua vida. Nas escolas, principalmente nas que formam alunos pra passar em vestibular de universidades federais, há um gasto enorme de material, tempo de alunos e professores para o ensino de tantas fórmulas – químicas, matemáticas e físicas, as quais não terão valor algum para esses alunos, exceto se eles seguirem algum tipo de carreira acadêmica ou científica. A língua portuguesa ensinada quer moldar todos os cidadãos na linguagem padrão “Jornal Nacional”, estigmatizando assim a linguagem e a expressão da cultura popular de cada região.
Uma famosa e cara escola de Brasília, que também trabalha com cursinho para concurso e pré-vestibular, já usou como propaganda, em um painel de rua, o fato de ter ocupado quase a metade das vagas da Universidade de Brasília - UnB em um de seus vestibulares. Por ser cara, é óbvio que quem irá ocupar as vagas da universidade pública e gratuita, são mais tem condições de bancar seus estudos superiores. Será que isso não seria motivo suficiente para que os programas de seleção universitária sejam revistos, tendo em vista o papel primordial do Estado em trazer equilíbrio social, dando aos menos favorecidos socialmente melhores condições de acesso à educação? A única afirmação que se pode fazer disso tudo é que tantos concursos quanto vestibulares acabam por não cumprir o seu papel de realizar uma seleção justa com base no mérito e no grau de inteligência de cada um, pois a maioria dos aprovados teve melhores condições sociais para desenvolver suas habilidades conteúdistas.
Os conteúdos educacionais da educação formal estão longe do cotidiano dos indivíduos. Se a gente pegar alguns jovens de nossas escolas metropolitanas e colocá-los em meio a um mandiocal para sobreviver, eles poderão passar fome nesse meio. Dificilmente se ensina nas escolas de hoje coisas como: cozinhar alimentos saudáveis, cultivar uma horta, valores medicinais de plantas, mecânica automobilística, organização financeira, cuidado com animais, artesanato, reformar utensílios e roupas, organização doméstica, primeiros socorros, música, solidariedade, dentre outros.
A disputa acirrada que ainda se tem pelo curso de direito nos faz refletir qual é real necessidade de tantos formandos que já jogados no mercado de trabalho todos os anos graduados nessa área. Novamente é bom relembrar dos concursos públicos: seria mais plausível que um concurso público de nível superior para um cargo de administração exigisse do concursado uma formação compatível com as tarefas que irá exercer. Mas muitas vezes os editais só exigem que o concursado tenha nível superior. Imagine só um formado em Educação Física sendo administrador de um setor de museus da Câmara Federal. É como se a sua graduação não valesse pra nada, e ele tivesse apenas o segundo grau.
Outro agravante dessa alienação educacional é o fato de que ultimamente no Brasil os programas de inclusão universitária procuram criar vagas para que descendentes de indígenas ocupem vagas no curso superior, sob a alegação de que eles exerçam sua cidadania aprendendo como se dá a organização política e a história desse Estado. No entanto, esquece-se que nesse momento, são os indígenas que devem nos ensinar como viver em harmonia com o meio ambiente, os valores medicinais e nutritivos das plantas, assim como eles sabem. Por fim, o ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio – que visa averiguar o grau de aprendizado de todos os estudantes de ensino médio desse país, agora pode ser adotado como mecanismo de filtro de entrada no vestibular. Esse exame é típico de um Estado que tenta padronizar os conteúdos e aprendizados de seus cidadãos.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Em que se baseiam as causas de nossos problemas e frustações?


Abaixo segue um texto que considero super importante para que possamos compreender a lógica de nossa existência nesse plano e em que se baseiam as causas de nossos problemas e frustações.



FRUSTRAÇÃO

Esse será nosso tema de estudo, para tanto acho interessante buscarmos todos os meios e recursos disponíveis para estarmos associando idéias novas com as experiências passadas, assim aproveitaremos muito mais o conteúdo expresso. Somos seres existenciais reencarnantes, com isso trazemos em nós uma somatória de experiências que compuseram os códigos de nossos acessos emocionais que traduzimos em ações em nosso dia a dia. Somos uma resposta direta e factual do que amealhamos como informação nessa nossa jornada, assim convido a todos para estarmos tratando de um conceito muito comum a todos, primeiramente tomado como religioso, mas que na prática vivencial acabou arraigado em nosso psiquismo. Vamos lá:

Os sete pecados capitais Pecado, do grego hamartia, é um verbo que significa errar o alvo.

Porém, isso não significa meramente um erro intelectual de juízo, mas, não conseguir atingir o objetivo existencial. Os sete pecados capitais, teologicamente são advindos da perspectiva do Cristianismo, ou seja, é a expressão da perda do destino ou do sentido existencial, comprometido com um processo evolutivo, na busca de realização da alma, que pode ser entendida como salvação e cura de todos os males. Com isso, ao pensarmos nos sete pecados capitais: avareza, gula, inveja, ira, luxúria, orgulho e preguiça, chegaremos à conclusão de que todos esses sete pecados desviam os indivíduos das trocas e da verdadeira felicidade.

Os sete pecados capitais nos dão um tipo de classificação dos vícios que eram abominados na época dos primeiros ensinamentos do cristianismo e que atualmente, por conta do capitalismo avançado, estão cada vez mais presentes no cotidiano da humanidade. O intuito dos antigos cristãos era educar e proteger seus seguidores, no sentido de ajudar os crentes na compreensão e auto-controle das suas pulsões e instintos básicos. É importante ressaltar que não existe registro oficial dos sete pecados capitais na Bíblia, apesar de estarem presentes na tradição oral do Cristianismo. Para mim, devemos entendê-los como doenças biopsicossociais com repercussões em todos os níveis e quadrantes da vida. Neste contexto é que surgem os estudos de psicossomática e dos comportamentos sociopáticos e psicopáticos. Então, cada pecado representa uma tendência equivocada que um fiel poderia ter diante do medo, da angústia e das incertezas da vida.

Como vida é expressão de trocas e relações entre as demandas instintivas, psíquicas, sociais e espirituais, somos constantemente mobilizados por necessidades, desejos e demandas de todo tipo e forma. Por outro lado carregamos uma bagagem genética, racial, familiar, cultural e transcendental que também nos influencia provocando mais desconforto, angústia e incertezas quanto ao nosso destino e significado existencial. Com isso, heroicamente, os seres humanos precisam fazer suas jornadas caminhando entre necessidades, destinos, livre arbítrio e limitações pessoais e coletivas que, de acordo com a situação, podem desembocar em pecados ou virtudes. (inadequações e adequações) Pois ambos estão potencialmente presentes nas atitudes humanas. Além de serem tão relativos quanto os conceitos de bem, mal, certo e errado.

Todas as pessoas possuem, em seus dinamismos psíquicos, tendências de atuação em todos esses sete pecados. Principalmente na atualidade onde vivemos numa sociedade que está brutalizando as dimensões anímicas e espirituais dos seres humanos. Basta observarmos o comportamento da maioria das pessoas que vão ao Shopping para comprar o que não precisam, com o dinheiro que ainda não possuem, para impressionar quem não conhecem! Essa atitude, além de estar na contra mão das questões ambientais e de auto-sustentabilidade, tem conotações de inveja, luxúria, avareza e vaidade. Só o autoconhecimento poderá fazer com que essas tendências sombrias fiquem menos autônomas e que as virtudes possam entrar em equilíbrio harmonioso com os pecados. Pois, no íntimo de cada ser humano tanto as virtudes quanto os pecados estão potencialmente presentes. Tudo é uma questão de consciência e autoconhecimento.

Atualmente, o Capitalismo, e sua pior prática que é a do lobismo, estimulam a avareza, a gula, não só de alimentos, mas de conhecimento, informações, acúmulo, entre outras atitudes que possam dar a ilusão do poder. Além disso, o desperdício, a luxúria do luxo e vaidade estão muito presentes também. Basta refletirmos que estamos vivendo em uma sociedade onde 30% da população mundial é subnutrida e outros 30% é obesa! Qual a lógica disso? A questão da vergonha e da culpa é muito pessoal e dependerá da formação ética e espiritual de cada indivíduo, do momento de vida em que ele se encontra. Então, não podemos criar uma classificação entre os sete pecados. Creio que eles se interpenetram e a prática de um acaba, direta ou indiretamente, desembocando na prática dos outros. Dependendo das condições de vida, dos medos, da angústia e das dificuldades do dia a dia, a prática de um pode ficar mais facilitada do que a prática de outros pecados. Por meio do autoconhecimento, de contínuas reflexões sobre o sentido, o significado da vida, e a compreensão dos desejos, pulsões e atitudes que estão nos motivando é que poderemos harmonizar os pecados com as virtudes. Por isso, o melhor modo de não sermos dominados pelos pecados é não perdermos o alvo, a meta existencial que deveria ser o sacro-ofício de servir ao invés de apenas servir-se da natureza e da vida. E como todos os seres humanos possuem tanto os pecados quanto as virtudes, devemos ter tolerância com quem está sendo possuído por eles e criar condições para despertar as virtudes, em nós e nos outros. À medida em as pessoas se tornam menos egocêntricas e mais amorosas, principalmente iniciando o processo de amar a si mesma, no processo de emancipação espiritual com a prática da individualidade naturalmente as virtudes vão surgindo no lugar dos pecados.

É isso o que Jung propõe com integração da sombra. É por essa mesma razão que Jesus, na passagem com a prostituta diz: quem nunca errou que atire a primeira pedra, e nem Ele atirou!

Dra. Sueli Moretti Villas Boas, Psicóloga
Site: www.smpsicologia.psc.br

Fonte: http://74.125.47.132/search?q=cache:6Ha4wmCalu0J:www.ipirangacenter.com.br/colunista.asp%3Fid%3DC+obras+constru%C3%A7%C3%B5es+luxuria+luxo+vaidade+humanas&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br

Arte, Música, Política, Filosofia, Economia, Natureza e Cultura, tudo isso em Rosseau


Contra a supervalorização da razão, ele argumenta que a razão, a consciência, tornou-se um instrumento responsável pela má condução da sociedade, desde os primeiros momentos em que as primeiras relações sociais afastaram o homem de seu estado de natureza. À medida que se sucederam as idéias e sentimentos, na longa trajetória dos primeiros tempos de formação da vida social, o espírito e o coração do homem em estado de natureza entraram em atividade. A razão, formada através da longa sucessão dos acontecimentos, conduziu a sociedade para sucessivas etapas de progresso, que Rousseau chama de "novas luzes". As primeiras atividades do espírito, primeiras reflexões, primeiros atos de raciocínio, estão na origem das "luzes" e, simultaneamente, dos males sociais. Não fossem estas mesmas "luzes", não teriam surgido os males sociais.

Para saber mais, leia:
http://74.125.47.132/search?q=cache:aYPKrDCvr_oJ:www.espacoacademico.com.br/018/18cgiani.htm+ensaio+luxuria+luxo+vaidade+humanas&cd=8&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br

terça-feira, 22 de setembro de 2009

O PROCESSO DE DESCENTRALIZAÇÃO POLÍTICA - ADMINISTRATIVA NO BRASIL



Professor da Universidade de Ijui-RS e eu também defendemos a descentralização política do Brasil para que uma real democracia possa acontecer.

Veja:




O PROCESSO DE DESCENTRALIZAÇÃO POLÍTICA - ADMINISTRATIVA
NO BRASIL


Amir Limana,
Professor da Unversidade de Unijui (Brasil)


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Nenhum tema de ordem política no Brasil é tão importante para o futuro democrático daquele país do que o que diz respeito ao recorte de suas instituições políticas e que, em última instância, significa falar da questão federativa que neste momento começa a sair das preocupações restritas dos círculos acadêmicos para ganhar as ruas.

É unânime entre os cientistas políticos que tem se dedicado a estudar o Brasil, a constatação de que um dos principais problemas, no que diz respeito ao desenvolvimento democrático, é o fato de não termos uma tradição cívica da população que compõe o país, ou seja, as questões públicas estão longe das preocupações da maior parte da população. Por outro lado, está se tornando unânime, também, a identificação das razões deste desinteresse em participar das decisões políticas e estas estão associadas à formação histórica do país e ao seu recorte institucional.


Uma história de centralização


O longo período de colônia (1500 a 1822) deixou marcas profundas na cultura brasileira. O processo de independência veio muito mais como vontade das elites descontentes com a metrópole, do que da vontade do conjunto da população; diferente, por exemplo, do que ocorreu com os EUA, em que a população toma parte, de forma ativa, no processo de independização.

Com o período do Império (1822 a 1889) a situação tambem não muda em relação ao envolvimento da população com as questões políticas. Nem mesmo o advento da República (1889) ocorreu devido às pressões de uma população em luta por melhores condições de vida e sim, como se costuma dizer, por um golpe arquitetado na caserna, haja visto que os militares encontravam-se descontentes com o espaço que ocupavam na vida política e, desta forma, envolveram-se e tiveram uma participação ativa na criação da República, porém, a população manteve-se distante das questões que diziam respeito ao destino do país.

Esta situação de participação de apenas uma elite na vida política nacional só irá se alterar a partir da década de 1920 e culminará na, assim chamada, revolução de 1930 com a ascensão de Vargas ao poder, pondo fim ao período denominado de Primeira República e principiando a chamada Segunda República, que irá até 1964 quando os militares tomam o poder em um golpe, findando com o pouco de democracia que havia sido conquistada pela população até então. Com este golpe tem início o período mais difícil da vida política nacional que somente encerrará, de fato, com o processo constituinte e a promulgação da constituição democrática de 1988.

Se observarmos o período de democracia efetiva na história política brasileira, o que podemos notar, de pronto, é o quanto foi reduzido o tempo desta experiência. Mesmo assim, podemos observar uma grande disposição política e consideráveis avanços conquistados pela população, principalmente nos últimos dez anos.

Por muito tempo se disse que antes de abrir à possibilidade de participação política por parte da população, deveríamos munir o Estado de instituições fortes, para desta forma evitar o desmando ou então, de forma mais ideologizada, a anarquia. Como se tivesse um grau de precedência entre a institucionalização do Estado e a participação política, o que a nosso ver não se justifica, já que ambas se fortalecem ao mesmo tempo, na medida em que a participação engendra e aperfeiçoa as instituições e estas a participação em uma relação simbiótica. O que não invalida o argumento de que a democracia substantiva pressupõe instituições fortes, ou seja, institucionalizadas.

Hoje, após a constituição de 1988, podemos dizer que temos a possibilidade de viabilizar uma democracia substantiva no Brasil, a partir da existência de uma constituição democrática; de um parlamento em pleno funcionamento; de um sistema de partidos relativamente estruturados; de uma sociedade civil que reconhece suas instituições políticas e predisposta a participar; de um sistema eleitoral que impede a fraude nas eleições e, em fim, de condições que, podemos dizer, se igualam às existentes em países com um alto grau de desenvolvimento democrático.

Dito isto, não significa que não tenhamos problemas a serem resolvidos, os temos sim e muitos, mas a diferença com o passado é que hoje possuímos as condições para avançarmos no fortalecimento democrático. Um dos mais importantes e complexos aspectos que devemos resolver é aquele que diz respeito, de forma mais ampla, ao que se convencionou chamar, no Brasil, de "questão federativa" e de forma mais específica, as questões que dizem respeito ao debate centralização versus descentralização política-administrativa.

A história do estado Brasil é uma história de centralização política e administrativa. No Império, em que a base econômica era centrado em um regime escravocrata, centrada no latifúndio, a centralização das decisões de toda a ordem se constituíam em uma necessidade para a sobrevivência do próprio regime. Com a adoção da República presidencialista, muda-se o regime, mas não a centralização na dimensão da tomada de decisões políticas e administrativas. Esta realidade será a tônica em toda a Primeira República, tendo cedido um pouco de 1930 a 1937, com a chegada de Vargas ao poder, mas recobrando um recrudescimento, ainda com o próprio Vargas, a partir do Estado Novo, em 1937.

No período do Estado Novo (1937 a 1945), foi o momento em que o Estado mais se fez presente e de forma mais centralizada, é o período em que, na economia, o Estado assume para si a tarefa de implementação da indústria de base e toda a infra-estrutura para a industrialização que naquele momento inicia.

É a partir da deposição de Vargas em 1945 e com a constituição de 1946 que se iniciará um breve período, relativamente democrático no Brasil e que culminaria com as discussões populares que envolveram as chamadas reformas de base, propostas pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), partido do então presidente João Goulart. Estas discussões foram interrompidas, de forma abrupta, pelo golpe militar de 1964, tendo aí, os militares, retomado a centralização das decisões políticas e administrativas. O que não é de se estranhar, pois, a centralização é uma característica nas instituições militares.

É apenas a partir de 1988, com a nova constituição que ocorrerá uma mudança significativa do ponto de vista institucional, pois foram dadas as condições de uma descentralização efetiva nas decisões de governo, com a garantia constitucional de a população tomar as decisões por meio de seus representantes, eleitos diretamente em todos os níveis, mas principalmente participar através dos novos instrumentos da democracia direta, que são: o referendo, o plebiscito e a iniciativa popular.

A predisposição constitucional associada as características institucionais que antes mencionávamos, por si só, não são suficiente para garantir a continuidade do aperfeiçoamento e o fortalecimento democrático. Faz-se necessário observar o ensinamento do mestre da política, N. Maquiavel, ao argumentar que ao bom príncipe, em tempos de paz, convém dedicar-se ao estudo da história, para aprender com os erros dos governantes do passado para não cometê-los em suas ações e, por outro lado, imitá-los nas ações bem sucedidas.

O atual debate político no Brasil sobre o federalismo e a descentralização política-administrativa começa a tomar corpo e acirrar os ânimos de todos os que com a discussão se envolvem, indo muito além do círculo político e acadêmico diretamente envolvidos com a temática. Um dos motivos a alimentar este debate diz respeito ao fato de possuirmos um regime presidencialista extremamente centralizado. E, com a alternância de poder, próprio dos regimes democráticos, mudam-se os planos de governo e as prioridades das políticas públicas, fazendo da descontinuidade uma das principais características em tais políticas. Esta característica faz com que o desperdício dos escassos recursos públicos chegue a níveis alarmantes.

Desta forma, não é difícil para os cidadãos perceberem que se as prioridades nos investimentos dos recursos públicos e o acompanhamento da execução de tais ações fossem definidas pela população diretamente envolvida, os resultados seriam diversos, pois, mesmo mudando os governos, não mudariam as prioridades locais, mantendo uma linha de continuidade e, desta forma, evitando o desperdício de obras inacabadas. É fácil constatar que quando as ações são definidas por simples técnicos, distanciados dos problemas, na capital administrativa, nem sempre dispõem das informações indispensáveis para a tomada de decisões. Além da morosidade natural, decorrente da busca de informações e todas as providências necessárias, contam com o retardo decorrente de ajustes que sempre se fazem necessários neste tipo de ação.

No período da ditadura militar, que só terá termo, de fato, com a promulgação da nova constituição em 1988, o principal tema a mover os setores da classe política e a intelectualidade comprometidos com a democracia, não poderia ser outro que os esforços para reconquistar a democracia política e social. Após a promulgação da constituição a questão que começa a tomar corpo nas discussões políticas passa a ser aqueles referentes a execução das políticas públicas e da implementação dos dispositivos constitucionais, já que, a lei maior do país havia sido elaborada com a ampla participação da população, com o resultado de uma carta constitucional avançada do ponto de vista democrático. Porém, as dificuldades na implementação de políticas governamentais, mesmo os de amplo apoio da população, como os referentes à saúde, à educação ou ao processo de municipalização, não avançavam ou avançavam com muitas dificuldades. A pergunta que políticos e intelectuais começaram a fazer foi no sentido de encontrar as razões do porquê de tais processos não fluírem.

A existência de determinadas administrações municipais que sob a mesma constituição conseguem implementar políticas públicas com rapidez e eficiência com melhorias substanciais na relação custo/benefícios, percebidas pela própria população, amplia as indagações, com a diferença de que nestes municípios o orçamento público é discutido e a sua execução se dá obedecendo a vontade da população que define quais são as prioridades e controlam a sua execução. Estes avanços são possíveis, porém, muitos são os entraves que a carência de recursos impõe, já que a união centraliza e os libera, conforme as conveniências de quem ocupa o poder central. Chegamos neste ponto em um dos mais importantes aspectos que possibilitam a continuidade do desenvolvimento democrático no Brasil, ou seja, a questão que diz respeito a reforma administrativa


A reforma administrativa


O pano de fundo desta discussão como é explicitado por Pereira em Da Administração Pública Burocrática à Gerencial, é o da crise dos estados modernos, que estaria conformada , entre outros fatores, por uma crise fiscal; déficit público; restrição dos gastos sociais; baixo nível da poupança interna; busca de captação de recursos adicionais no setor privado para financiar as políticas sociais; esgotamento do modelo do Estado produtor/executor; pelas mudanças no cenário internacional (globalização da economia; aumento da competição; revolução tecnológica); privatização do Estado (ineficiente, corrupto, clientelista) e superação do modelo da administração burocrática.

A necessidade de mudanças na organização e nas funções do Estado estaria determinada pelo fato do Governo deter uma baixa capacidade de governo, ou seja ele não teria como fazer cumprir seus mandatos em função da inefetividade das decisões governamentais, por algum tipo de deficiência organizativa e/ou funcional. A reforma do aparelho de estado portanto visaria ampliar o grau de governabilidade, aumentando a capacidade do Estado em implementar de forma eficiente e eficaz as políticas públicas. Para tal seria necessário, aproximar-se da lógica privada de gerenciar: aumentar a competitividade, a eficiência, e a racionalidade no uso dos recursos.

Para isso o governo propõe um conjunto de medidas que implicam tanto em mudanças na base jurídico legal existente quanto nas relações de propriedade no interior do Estado. Essas mudanças visariam agilizar a administração através do aumento da descentralização e do grau de autonomia de órgãos e instancias da administração superando os atuais entraves que se situam nas áreas de compras, contratação de pessoal, execução orçamentária entre outros. Este conjunto de medidas envolve propostas de emendas constitucionais e a criação de nova legislação infra-constitucional contemplando: um redirecionamento do papel executor do Estado para o de promotor e regulador; uma ampliação da autonomia administrativa para fundações públicas e autarquias; implantação dos princípios da administração gerencial na administração pública; "publicização" de setores do Estado através da transferencia de suas atribuições para organizações privadas (organizações sociais); por um novo pacto federativo, através da descentralização da execução; por propostas de desregulamentação e desburocratização; modificações na lei de licitações e mudanças na legislação referente ao funcionalismo público.

O eixo central da proposta do Governo para a Reforma do Estado, parte da análise histórica dos três tipos de Administração Pública (patrimonialista, burocrática, gerencial). Defende o modelo gerencial que estaria baseado no controle de resultados, na competição administrada e na busca de eficiência (qualidade/custos) e critica o modelo burocrático que estaria baseado no controle de processos e na busca de efetividade e eficácia das decisões. O modelo patrimonialista estaria superado, tendo em vista o atual estágio de desenvolvimento da sociedade civil e da conquista de um grau maior de cidadania no país.

A estratégia definida pelo governo envolve três dimensões: o envio ao Congresso de um conjunto de emendas à constituição; projeto de lei criando as organizações sociais e mudanças na lei de licitações. As emendas constitucionais visam de um lado dar um grau diferenciado de autonomia às autarquias e fundações e de outro introduzir medidas que acabem com a estabilidade rígida do funcionalismo e com o r regime jurídico único.

Para dar consistência e lógica ao seu projeto o Ministério da Administração e Reforma do Estado (MARE) inovou ao definir uma matriz que classifica as funções de Estado em um gradiente indo daquelas consideradas típicas ou essenciais, àquelas em que o setor privado ou o mercado assumem papel relevante. A administração burocrática prevaleceria apenas no núcleo estratégico enquanto o mercado, através do programa nacional de privatizações absorveria as atuais empresas estatais. Para os níveis das atividades exclusivas e dos serviços não exclusivos foram concebidos respectivamente os modelos de agencias executivas e das organizações sociais. Enquanto o primeiro permanece dentro do Estado, o segundo transforma instituições públicas em organismos privados sem fins lucrativos. De comum aos dois, a implantação de modelos gerenciais semelhantes operacionalizados através dos denominados contratos de gestão.

As organizações sociais abrangeriam o setor de atividades não exclusivas a partir da transformação de instituições públicas das áreas de ensino, pesquisa, saúde, desenvolvimento tecnológico, cultura e preservação do meio-ambiente, em pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos.

Neste modelo analítico e propositivo, Estado e mercado são espaços onde se dá a articulação entre os sistemas econômicos e sociais. A proposta do governo sugere a existência de um espaço entre Estado e mercado em que no sentido Estado / mercado diminuiria a razão pública, decresceriam a racionalidade política e a efetividade e por outro lado aumentariam a razão privada, a racionalidade econômica e a eficiência. Uma avaliação mais critica destas propostas do governo demandaria um espaço e esforço de outra ordem do que nos propomos aqui e fica para uma outra oportunidade.

Como conclusão gostaríamos de salientar que a reforma do Estado, no sentido de instrumentalizá-lo com instituições descentralizadas e institucionalizadas é uma condição indispensável para a consubstanciação da democracia efetiva e é necessário ter paciência histórica já que o desenvolvimento da cultura cívica obedece uma relação simbiótica entre o engendrar de novas instituições e a participação e, o processo de descentralização política-administrativa é um passo importante da engenharia política a favorecer este aspecto. Neste sentido, as reformas propostas pelo governo são importantes mas não garantem por si só que teremos a institucionalização de um Estado mais horizontalizado, propiciando o acesso mais rápido dos cidadãos a ele. É necessário desenvolver uma cultura cívica e para isto teremos que lutar contra os resquícios de nossa história patrimonialista e de um estado centralizado e distante dos cidadãos.


Bibliografia


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CARDOSO, Fernando Henrique. Globalização. Conferência pronunciada em Nova Delhi, Indía, janeiro 1996. Publicada em O Estado de S.Paulo, 28 de janeiro, 1996

ALBUQUERQUE, Roberto Cavalcanti de. Reconstrução e reforma do estado. In VELLOSO e CAVALCANTI (orgs) 1995

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© Copyright: Amir Limana, 1999

© Copyright: I Coloquio Internacional de Geocrítica, 1999

Fonte: http://www.ub.es/geocrit/sn-45-21.htm

Essa pergunta foi a vencedora em um congresso sobre vida sustentável.
“Todo mundo 'pensando' em deixar um planeta melhor para nossos filhos.... Quando é que 'pensarão' em deixar filhos melhores para o nosso planeta?”



Uma criança que aprende o respeito e a honra dentro de casa e recebe o exemplo vindo de seus pais, torna-se um adulto comprometido em todos os aspectos, inclusive em respeitar o planeta onde vive...

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Progresso do progresso


Quando o Brasil ficou rico, com a exportação do açúcar, não havia modo de debater o destino dos recursos que chegavam. Éramos uma mera colônia, e a ideia do progresso econômico não tinha sido criada. Quando começou a exploração do ouro, o Brasil da mesma forma ainda era uma colônia escravocrata, e o ouro não nos serviu. A renda do ouro partia de Minas Gerais para Lisboa, e daí para cidades inglesas, para atender ao luxo e ao desperdício dos ricos portugueses, servindo ao progresso industrial da Inglaterra. Em vez de investir nas novas máquinas que surgiam – os teares mecânicos –, Portugal comprava o tecido inglês, abrindo mão de ser um país industrial.

Contribuiu para isso o fato de que os inventores eram ingleses, e Portugal não tinha nem capacidade científica e tecnológica nem educação para se industrializar. Naquele tempo, nem portugueses nem brasileiros tinham como entender a lógica do processo de desenvolvimento, nem eram capazes de projetar o futuro. Quando Getúlio, e depois Juscelino, iniciaram o processo de desenvolvimento econômico, já existia o desejo de progresso e também o conhecimento para induzir o desenvolvimento.
O que nós ainda não sabíamos era que, ao lado das boas coisas, o progresso carregava concentração de renda, violência, aquecimento global, poluição, degradação urbana, inflação, endividamento, dependência, corporativismo e outros efeitos negativos. Foram necessários 50 anos de desenvolvimento contínuo para descobrirmos que existem o progresso bom e o mau. Agora, quando surge a possibilidade de explorarmos as novas reservas de petróleo na camada do pré-sal, já temos conhecimento para imaginarmos o futuro e temos experiência suficiente para sabermos que o progresso precisa ser orientado. Em seu discurso, na noite do Sete de Setembro, o presidente Lula pediu à população que pressionasse o Congresso a aprovar com rapidez os projetos de lei que vão possibilitar os recursos para explorar o pré-sal e definir o uso dos resultados obtidos com ele. Mas ele se esqueceu de pedir ao povo – estudantes, professores, empresários, donas de casa – que organize um debate sobre qual progresso deseja para o futuro do Brasil: se mantemos nossa aceleração no rumo do mau progresso ou se marchamos para um bom progresso que nos traga distribuição de renda, economia do conhecimento, equilíbrio ecológico, paz nas ruas e no campo, ética na política.

Só então, depois de ter escolhido o padrão de progresso para o futuro, a população deve responder as perguntas sobre o pré-sal: de fato ele existe nas dimensões apresentadas? Quais são as perspectivas para o preço do petróleo no futuro, diante da certeza de substituição do combustível fóssil por combustível limpo? Quais são os efeitos da queima dessas reservas de petróleo sobre o clima? Como a economia do petróleo disputará com a economia do etanol? E se tudo der certo, o que faremos com os recursos obtidos? Sobretudo, o povo deve debater as trágicas conseqüências de esperarmos pelos resultados do “pré-sal”, em vez de investirmos, desde já, em educação, saúde, segurança, defesa, ciência e tecnologia, com os recursos de que o Brasil já dispõe. Outros países mais pobres, sem petróleo, já fizeram suas revoluções. Talvez exatamente por não terem recursos naturais abundantes, açúcar, ouro ou petróleo, tiveram de desenvolver suas capacidades científicas e tecnológicas, educar o povo, promover a maior de todas as energias de um povo: os cérebros de seus habitantes. Nós fizemos o contrário: o ouro, o ferro, o açúcar, o café, adiaram nossa indústria mecânica até a metade do século XX.

E agora, com o petróleo, quando chegou a hora de reorientar o destino do progresso, o Brasil corre o risco de usar essa nova riqueza para não mudar de rumo. Podemos perdoar as gerações do passado, mas não seremos perdoados pelas futuras gerações, porque já sabemos o que é o progresso e porque já conhecemos suas consequências, boas e más. Temos a obrigação de fazer mais do que progresso. Temos de fazer o progresso do progresso.

Artigo do senador Cristovam Buarque, publicado na edição de 12/09 no jornal O Globo.Cristovam Buarque é senador pelo PDT do DF e ex-reitor da UnB.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A MALDIÇÃO COLLOR


Mais uma vítima fatal da Maldição Collor. O implacável destino acerta mais uma vez as suas contas e valida o que se conhece em Brasília, como a Maldição Collor. Dessa vez foram brutalmente assassinados o ex-advogado de Collor, José Guilherme Villela, sua esposa e empregada. Todos trucidados cruelmente por prováveis latrocidas. A sina de mortes trágicas, doenças graves, acidentes, cassações de mandatos e perdas de reputações e privilégios governamentais parece atingir todos que rondaram o ex-presidente do Brasil, Fernando Collor de Melo. Veja os fatos que comprovam essa terrível maldição: Seu irmão Pedro Collor, - que o denunciou a justiça -, morreu em dezembro de 1994 em conseqüência de um tumor cerebral. O irmão mais velho do ex-presidente, Leopoldo Collor também foi vítima fatal de câncer. PC Farias (ex-tesoureiro da campanha eleitoral de Collor) foi assassinado em 1996, junto com a sua namorada Suzana Marcolino, numa casa de praia em Guaxuma (AL). Vale citar também o padecimento da esposa de PC, Elma Farias, que morreu em 1994 depois de passar vários meses sofrendo devido a um grave edema pulmonar. A mãe de Collor, Leda Collor, entrou em coma em setembro de 1992, logo após o escândalo envolvendo o filho e morreu em fevereiro de 1995, com paralisia em vários órgãos. Rinaldo da Silva Lima, segurança particular de PC Farias e churrasqueiro oficial da Casa da Dinda na época de Collor, foi assassinado em abril de 1999. Na área política a Maldição Collor atacou seus aliados e até ferrenhos adversários políticos, como Lindberg Farias que liderou os ‘cara-pitadas’ no processo de cassação de Collor. Lindberg se filiou ao PT e se elegeu prefeito em Nova Iguaçu(RJ). Depois ele foi afastado do cargo por suspeita de corrupção na prefeitura. O atual senador Renan Calheiros(aliado de Collor) teve de renunciar em 2008 a presidência da casa, depois de ser acusado de usar dinheiro de uma empreiteira para pagar pensão a uma ex-amante. A ziquizira da Maldição Collor atingiu até os seus mais algozes inimigos. O deputado Ulisses Guimarães morreu num acidente de helicóptero em outubro de 1992 e seu corpo jamais foi encontrado. Os lideres e fundadores do PT José Dirceu e José Genoino Neto tiveram de renunciar os seus mandatos legislativos devidos aos envolvimentos viscerais com a corrupção política que ocorreu no primeiro mandato do presidente Lula e que ficou conhecida como ‘mensalão’. O deputado Ibsen Pinehiro, então presidente da câmara dos deputados na época do impeachment de Collor, foi cassado do mandato devido seu envolvimento ilícito com as tramóias descobertas pela CPI do orçamento. Até a ex-mãe-de santo de Collor, conhecida como Mãe Cecília, que fazia rituais de magia negra nos jardins da Casa da Dinda, sofreu as conseqüências de seu envolvimento no maldito clã de Collor. Depois de passar por sérias dificuldades financeiras e problemas de saúde, ela se converteu e é hoje evangélica e vive fazendo cultos e vendendo Cd’s da sua religião pelo interior do Nordeste. Com o recente brutal assassinato do advogado José Guilherme Villela, perece que a Maldição de Collor voltou a atazanar os ares de Brasília e há quem diga que muita gente que andou chamando o senador Fernando Collor de amigo e parceiro, está como medo de pegar até gripe. Afinal a terrível gripe suína, por suas características mortais e tacanhas deve ter pelo menos ‘um dedinho’ de Collor no seu fatídico DNA.
by: Roberto Rabat
fonte: http://www.r2cpress.com.br/node/9263#comment-17169

domingo, 14 de junho de 2009

Novo estatuto retira de índios a condição de inimputáveis


Car@s,

Essa notícia vem nos mostrar como nossa sociedade está em pleno amadurecimento ao emancipar em nossa legislação a própria conceitualização termo "indígena". Esse novo conceito reconhece o indígena como um ser pleno de suas capacidade humanas, ou seja, torna o índio uma pessoa como outra, igual a qualquer cidadão brasileiro.

Esse é o sinal que nós, descendentes de europeus, deixamos de ter a visão romantizada dos índios, uma visão que remonta a ds pensadores do século XIX, do movimento do arcadistmo e do romantismo, os quais viam o índio como o seu ideal paradisíaco.

Assim como o conceito do que é ser português, aquele que veio colonizar esse país, mudou ao longo desses 500 anos, a noção de índio também mudou, e hoje, muitos destes usam roupa, tomam Coca-Cola e Skol, mas nem por isso deixam de ser índios. Pois eles, como todas os outros povos, mudaram sua forma de viver nesses 500 anos, e é bom lembra que mesmo que nenhum europeu chegasse a essas terras tupiniquins, os povos que aqui habitavam não seriam os mesmos. Imaginem então com todo esse contato com povos de inúmeras culturas exógenas.

Voltanto ao assunto das leis, é bom ressaltar que leis são regras criadas por homens em suas diversas culturas, e elas devem servir pra nos ajudar a nos relacionar sem entrar nas vias de fato. Assim como os cidadãos brasileiros devem ser punidos por seus atos, como roubar, matar, estuprar, etc., os que reconhecemos como índios também devem ter a mesma lei pra respeitar, afinal, somos todos seres humanos.

Mas ressalto que devemos nos atentar a muitos de nossos valores, pois a noção de bem e mal muda de cultura pra cultura. Alguns povos indígenas possuem costumes que poderão ser aberrantes e inaceitáveis pra nossa cultura etnocêntrica, mas nem por isso devem receber punição por conta de nossas diferenças culturais.

Cabe portanto aos juristas terem sensibilidade antropológica na hora de darem o seu veredíto, levando sempre em conta essas pequenas diferenças culturais entre nós.

Norueganos, Mexicanos, Sul Africanos, Chineses, Iranianos, Indianos, indígenas.... Somos todos seres humanos, seres culturais, e devemos nos respeitar, assim como queremos ser respeitados.

Kelly Triacca







Novo estatuto retira de índios a condição de inimputáveis

Pela proposta, Justiça terá de avaliar se acusado de cometer crime tem noção da ilegalidade do ato

Felipe Recondo, BRASÍLIA

Uma mudança na legislação bancada pelo governo permitirá que a Justiça puna os índios que cometem crimes com o mesmo rigor com que são julgados os demais brasileiros. O texto do novo estatuto dos povos indígenas, que substituirá a legislação de 1973, será fechado no fim deste mês e define que os índios não são inimputáveis e têm plena capacidade para compreender o significado de seus atos. Para condená-los, a Justiça precisará avaliar se o ato praticado está de acordo com os usos e costumes da comunidade indígena a que pertence e se o índio tinha consciência de que cometia uma ilegalidade.

O novo texto corrige uma incongruência da legislação brasileira. O estatuto dos povos indígenas, que vigora desde 1973, diz que o índio é inimputável, ou seja, que não pode ser punido por seus atos porque não teria condições de saber o que é certo ou errado. A Constituição de 1988, por outro lado, diz que os indígenas podem ir à Justiça defender seus interesses. Poderiam, portanto, ser punidos também por seus atos. A divergência entre as normas criou situações antagônicas no Judiciário. Em alguns casos, os índios ficavam impunes; em outros, mesmo sem a perfeita noção de que haviam cometido um crime, eram julgados com o mesmo rigor que o não-índio.

Para evitar decisões que se choquem, o novo texto exigirá a produção de um laudo antropológico que determinará até que ponto aquele índio sabe que a conduta praticada é criminosa e para investigar se o ato está ou não de acordo com os valores culturais de seu povo. Essas informações serão consideradas pelo juiz na hora de dar o veredicto. Se o ato praticado for ao encontro de seus valores culturais e costumes da comunidade a que pertence, o índio não será punido. Caso contrário, será julgado como qualquer brasileiro. Além disso, a Justiça poderá livrar o índio que já tiver sido punido por sua comunidade.

CIDADÃO

O propósito central do novo estatuto é superar a ideia de que o índio pode ser tratado como "um débil mental", como traduziu um integrante do governo, e colocá-lo no mesmo patamar que qualquer cidadão. "A lei não vai mais tratar o índio como inferior, incapaz, mas como cidadão brasileiro com direitos e deveres, respeitados seus usos e costumes", disse o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira. "O índio tem a capacidade de entender o que é certo ou errado, mas isso deve ser analisado de uma forma nova pela Justiça", acrescentou o secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Pedro Abramovay.

De acordo com o texto, que precisa ser aprovado pelo Congresso, cabe somente aos juízes federais decidir sobre as disputas que envolverem direitos indígenas. E, quando forem julgar um índio acusado de algum crime, deverão obrigatoriamente pedir uma perícia antropológica para saber se o acusado tinha ou não consciência de que o ato era ilegal - isso nem sempre é feito hoje. Os índios, por sua vez, terão direito a um intérprete, para que se defendam com mais desenvoltura em sua própria língua.

A proposta pode tirar da Funai a incumbência de defender os índios perante o Judiciário. O Ministério da Justiça entende que, com o fim da tutela, não cabe a um órgão do Executivo fazer a defesa pessoal dos indígenas. Como qualquer brasileiro, os índios seriam representados pela Defensoria Pública e pelo Ministério Público - a saída da Funai encontra resistência entre índios e dentro do próprio órgão e, por isso, esse ponto ainda vai passar por uma discussão mais aprofundada.

HÁ 18 ANOS

Um projeto de atualização do estatuto dos povos indígenas, de autoria do hoje senador Aloizio Mercadante (PT-SP), tramita no Congresso há 18 anos. Em 1994, um texto alternativo foi aprovado, mas um recurso apresentado pelo PSDB acabou por deixá-lo parado na Mesa da Câmara desde então. De lá para cá, vários outros projetos foram apresentados para alterar pontos da legislação, como o tratamento penal dos índios, possibilidade de exploração de recursos minerais e hídricos em terras indígenas e mudanças na forma de demarcação. Nenhum avançou.

A um ano e meio das eleições de 2010, o grande desafio do governo e das organizações indígenas é garantir que o novo esforço por um estatuto atualizado não acabe também parado na Câmara. O presidente da Funai diz acreditar na aprovação do texto, especialmente por ser uma proposta construída em consenso entre governo, líderes indígenas e sociedade civil.

"Nós avaliamos que estamos num momento de amadurecimento. Por muito tempo, o governo ia para um lado, o movimento indígena ia para outro e a sociedade civil ia para um terceiro lugar. Temos hoje um ambiente favorável para recuperar a ideia de um novo estatuto, de um documento que seja de entendimento entre os povos, governo e sociedade civil", disse Meira.


"Você deve ser a mudança que quer ver no mundo".
Mahatma Gandhi

quarta-feira, 3 de junho de 2009

COLÔMBIA: Problematizações e soluções para a violência.




A violência que hoje vemos assolar a Colômbia pode parecer a muitos um problema atual ligado estritamente ao problema das drogas, movimentos guerrilheiros e paramilitares; mas quando nos aprofundamos na história desse país, vemos que a violência existente não é um fenômeno recente e sim algo que já vem ocorrendo ao longo de toda história colombiana.

Pausa=

Caro leitor, o presente ensaio procurará abordar as questões que envolvem as possíveis causas históricas da violência colombiana, além de buscar as causas, serão sugeridas aqui quais seriam as melhores saídas para tais conflitos. É importante ressaltar que as conclusões aqui expostas não surgiram de uma mente brilhante, pois elas tem origem no longo trabalho de leitura e estudos a respeito do tema abordado na bibliografia abaixo mencionada, como por exemplo a obra do historiador Gerson Gallo Ledezma Meneses em seu artigo “Cem anos de solidão na comemoração do primeiro centenário da Independência na Colômbia e em Cali”.. Para maior aprofundamento, sugiro a leitura da mesma.


Continuação - PROBLEMATIZAÇÕES:

Voltando ao assunto principal desse texto, a partir da leitura de vários livros sobre a história da Colômbia e da América Latina, é possível afirmar que na historia da Colômbia do século XIX o latifúndio se transformou na principal fonte de acumulação de riqueza e de poder. As grandes desigualdades sociais que esse sistema de produção gerou tornou ainda maiores as distancias étnicas e culturais já existentes. Mesmo após o processo de independência do país, permaneceram as divergências dos grupos dominantes que lutavam pelo controle político. Esses grupos estão representados nos partidos conservador e liberal, que desde a sua fundação, têm se revezado no poder central da Colômbia, e na maioria das vezes não deixam espaço para outros partidos entrarem nas disputas eleitorais.

As alternâncias desses partidos no poder deixavam a sociedade colombiana confusa quanto às regras vigentes, pois praticamente a cada mudança de partido no poder, trocava-se de constituição, assim como seus princípios básicos. Em outras palavras, a cada instante era preciso decidir como deveria ser a economia, liberal ou conservadora; qual deveria ser o papel da Igreja como legitimadora do controle das elites sobre as classes baixas. Enfim, eram constantes as mudanças nos quadros de funcionários públicos e todo esse processo político foi demorado e não teve uma conclusão definitiva, além de ter deixado o povo sempre de fora das decisões político-sociais. Era apenas uma elite que tomava conta de todo processo decisório sem levar em conta a população, e obviamente, no final, esse processo só iria beneficiar um grupo, o que nos leva a pensar que aí estaria uma das principais causas dos levantes populares ocorridos ao longo da história desse país.

Nesse contexto sócio-político, não haveria paz enquanto o planejamento político e econômico dos liberais ou conservadores, principalmente os primeiros, tivesse por base um afastamento da realidade social colombiana em suas variadas manifestações culturais, enquanto se buscasse apenas a melhoria da economia do país pela importação e pela exportação, sem distribuir a renda que isso gerava com toda a população, sem mobilidade dos recursos econômicos. Convém lembrar também que o projeto de progresso e dominação, orientado por essas elites, só gerou transformações parciais que beneficiavam apenas uma parte da população e algumas regiões do país. Não havia um projeto de cidadania, e sim a exclusão dos despossuídos, mais especificamente os indígenas considerados incapazes e não pertencentes aos programas elaborados pelo Estado Nacional Colombiano.

Outro fator causador das guerras civis é falta de coesão política entre as regiões. Todo esse quadro impossibilitava qualquer forma de articulação nacional, não havia perspectiva de solução enquanto existisse “total autonomia política às regiões, que organizavam exércitos próprios, compostos por indígenas e peões diversos que se identificavam com um ou com outro dos dois partidos...”. (Menezes, p. 87). O termo nação colombiana só foi materializado pela via reacionária, que forçou o aumento das relações econômicas entre as regiões, a diminuição das diferenças de regimes judiciais, políticos e tributários, eliminou gradativamente as ameaças de separação dos estados colombianos e que gerou a formação de um mercado marginal interno e de uma população, que por suas diferenças culturais, acabaram não se adequando às formas impostas pelo Estado centralizador.


A convivência e a alternância do poder entre liberais e conservadores nunca foi algo pacifico, pelo contrário a violência sempre era usada quando um grupo se via alijado do poder. O resultado, segundo Alfredo Molano, é que “a violência foi se legitimando como uma forma de alternância política, como uma modalidade política”, usada tanto por liberais como por conservadores para chegar ao poder. Um dos conflitos mais sangrentos entre conservadores e liberais de toda história colombiana foi o período denominado de a Violência. Iniciado em 1948 com a morte do chefe populista Jorge Eliécer Gaítan, esse conflito produziu mais de 100 mil mortes, principalmente no meio rural, e que só terminou em 1958.

Em 1958 com o intuito de acabar o período da Violência, liberais e conservadores entraram em acordo e formaram a Frente Nacional. A Frente Nacional acordava o fim da violência e dividia o poder nos 16 anos seguintes num revezamento entre conservadores e liberais. No entanto, ainda que acabasse com a Violência, a Frente Nacional traria outras conseqüências, igualmente funestas, para a Colômbia.

Não obstante o fato de ter conseguido terminar com a Violência e até melhorar a economia nas áreas urbanas, muito pouco se fez no sentido de se melhorarem as condições sociais e econômicas dos setores operário e camponês. O bipartidarismo da Frente Nacional acabou por não deixar espaço para partidos de oposição e deixou à margem imensas áreas e regiões, ocasionando o surgimento de novos movimentos armados e violentos.

Sem chances no jogo político, a oposição acabou por seguir o caminho da insurgência contra os governos liberal e conservador. Surgem nessa época, princípios da década de 60, os principais movimentos guerrilheiros colombianos: as FARC (Forcas Armadas de Colômbia), o ELN (Exército de Libertación Nacional) e a Frente Unido del Pueblo. O resultado do monopólio político dos conservadores e liberais no poder foi o recurso a violência, que como já vimos acabou por se tornar uma modalidade de atividade política.

Ainda na década de 70 surge outro agravante dos conflitos colombianos entre a guerrilha e o governo, o narcotráfico. Segundo Alfredo Molano, depois do fim da Segunda Guerra Mundial e durante a Guerra do Vietnã o consumo de drogas, teve um aumento significativo em áreas de influência norte-americana. O principal produtor de entorpecentes na época era o México. Devido à repressão ao plantio e ao contrabando dessas drogas pelos EUA, os centros de produção de drogas acabaram por migrar para outras áreas. Além da mudança dos centros de produção de drogas, a repressão norte-americana à maconha e à heroína trouxe como conseqüência o aumento na produção e no consumo de cocaína Produto este originado da folha de coca a qual é e foi consumida por séculos pela população nativa da Colômbia.

A partir de 1975 quando começou a subir a demanda por cocaína nos EUA, os traficantes passaram a comprar folhas de coca para processá-las e transformá-las em pasta de coca. Processo que logo foi dominado pelos camponeses que passaram a vender não mais a folha, mas a pasta básica de coca. Para os camponeses a coca e a maconha tornaram–se um modo de ganhar a vida, fazer funcionar a economia local e acumular alguns ganhos. Seus preços mais elevados e bem mais estáveis no mercado acabaram por fazer com que muitos agricultores as adotassem como principal cultura. Além dos preços internos para produtos agrícolas não serem bons, a abertura do mercado à importação de produtos agrícolas estrangeiros acabou por agravar ainda mais a situação dos pequenos produtores e levou-os ainda mais para o lado dos traficantes.

A guerrilha por sua vez acabou aceitando o cultivo da coca e outros cultivos ilícitos em seu território e tirou proveito disso, claro. A coca gerava uma riqueza substancial e suscetível de ser utilizada no financiamento da guerrilha. Assim acabou surgindo uma espécie de imposto sobre os cultivos ilícitos a gramaje.

Um outro ponto que aproximou camponeses e guerrilha é o fato do Estado, nas regiões onde esta atua, ser quase que totalmente omisso. O governo não faz nada que não seja reprimir os cultivos ilícitos e as guerrilhas, gerando um sentimento de descontentamento por parte dos camponeses, o que é bem aproveitado pela guerrilha. As guerrilhas, em especial as FARC, acabaram assumindo as funções que o Estado colombiano deveria desempenhar nessas áreas de conflito, constituindo uma espécie de governo paralelo.

O crescimento da guerrilha e de sua influência fez com que surgisse ainda mais uma agravante aos problemas vividos na Colômbia, as chamadas autodefesas; grupos paramilitares, vinculados ao narcotráfico e militares ultradireitistas. Os narcotraficantes que investiram em terras adquiridas aos camponeses criaram um antagonismo para com a guerrilha, que apóia os camponeses, sobretudo os colonos, sua base social de apoio político. Assim os narcotraficantes para defenderem suas terras acabaram por se aliar e financiar os paramilitares.

Os paramilitares também têm origem histórica no período da Violência. Em 1958 uma norma legal permitia a formação de milícias civis ou grupos de autodefesa para ajudar o exército. Valendo-se desse instrumento legal surgiram os grupos paramilitares, que proliferaram por toda Colômbia, recebendo inclusive apoio e instrumentação das forças armadas. Os militares apóiam os paramilitares e dessa maneira complicam ainda mais o processo de paz colombiano.

As guerrilhas exigem do governo o fim do paramilitarismo para negociarem a paz, mas o governo não consegue fazê-lo por causa do apoio que os paramilitares recebem do exército. As instituições colombianas, apesar da nova constituição democrática de 1991, se vêem presas às decisões dos militares. Os paras não querem uma solução pacifica e negociada entre o governo e a guerrilha, provocando um impasse nas negociações.


SOLUÇÕES:

A solução para os problemas da Colômbia a nosso ver passa não só pela esfera política, mas também pela social. Temos visto que ao longo de séculos o problema gerado pela desigualdade social é tão ou mais grave que os problemas políticos. A população de algumas regiões é praticamente abandonada pelo Estado, que não investe na melhoria de suas condições de vida. A desigualdade social, em especial nas questões ligada a terra, tem gerado a sua cota de violência para a Colômbia e possibilitado a grande permanência de conflitos no país.

A maioria dos problemas que afligem os colombianos advém da exclusão. A população tentando superar as adversidades geradas pelas desigualdades acaba quase que invariavelmente trilhando o caminho da insurgência e da ilegalidade (como nos casos das guerrilhas e dos cultivos ilícitos). Assim, não basta combater a ilegalidade pura e simplesmente, é preciso dar alternativas para que a população possa seguir sem cair nesse ciclo vicioso de ilegalidade, insurgência e violência.

Para que se possa chegar a uma solução de fato eficaz, cumpre ao governo amparar de maneira mais eficaz a população pobre e campesina, buscando, com a própria população, soluções para os problemas que os afligem. A tomada de decisões isoladas para a solução dos problemas na Colômbia tem sempre se mostrado um fracasso, cumpre ao Estado começar a consultar o povo para a solução dos problemas, ou melhor, cumpre ao povo participar melhor da organização e da gestão desse Estado. Somente a partir do momento em que essa grande massa de excluídos - excluídos políticos, excluídos sociais, excluídos da terra, etc. - passarem a serem incluídos é que se chegará a uma solução para o conflito.

De Kelly Catarina Triacca, 2005.




BIBLIOGRAFIA

Márques, Gabriel García. Para un país al alcance de los niños.

Meneses, Gerson Gallo Ledesma Meneses. Guerra de Sentimentos; In: Correio Brasiliense, Brasília, 2002.

Meneses, Gerson Gallo Ledesma Meneses. Cem anos de solidão na comemoração do primeiro centenário da Independência na Colômbia e em Cali. In: Textos de História. Revista da Pós –Graduação em História da UnB, Vol.07 números 1 e 2, Brasília, 1999.

Talero, Maria Elvira & Pärssinen, Martti (orgs।)। Colômbia perspectivas de paz em el 2001. Helsinque: Instituto Renvall, 2001.

Imagem: www.nodo50.org/.../colombia/progpol.gif