segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O ÁLCOOL E O CAPITALISMO



Em nossa sociedade ocidental o álcool (cerveja, cachaça, vinho, vodka, wisk...) é a droga culturalmente mais aceita e incentivada até mesmo por familiares que fazem a iniciação de seus filhos e netos. As drogas e o capitalismo não estão unidos apenas no que diz respeito às drogas ilegais, mas também na comercialização e abuso de drogas legais.

O filósofo Engels demonstrava o papel destruidor do álcool no seio da classe operária inglesa no século XIX, na era da industrialização. O álcool ao mesmo tempo em que era o único consolo e lazer da classe operária, a única maneira de se suportar a dor da jornada de trabalho, também servia para se garantir os níveis de produtividade do trabalhador. É nesse momento que se prolifera o número de Pubs na Inglaterra.

Na colonização, a destruição pelo alcoolismo foi utilizada amplamente pelos colonizadores brancos contra os indígenas. A mesma situação se repete hoje no Brasil com as tribos amazônicas que são fortemente atacados pelo alcoolismo e a quem os latifundiários buscam desalojar de suas terras.

A revolução de Outubro de 1917 na Rússia teve que enfrentar-se com o grave problema do alcoolismo. O governo bolchevique proibiu a fabricação e a distribuição de vodka. Não é causalidade que foi o governo de Stalin o que reintroduziu o comércio de vodka no começo dos anos 30, por ocasião da coletivização forçada, o extermínio da resistência dos trabalhadores e da oposição de esquerda. No fim da URSS o alcoolismo devastava a classe trabalhadora de todo o país.

No Seminário Internacional sobre o uso e usuários do álcool e outras drogas na contemporaneidade, realizado em Salvador, em novembro de 2010, a psicanalista Maria Luiza Miranda lembrava que a lógica capitalista atual, com o avanço da ciência e da tecnologia, possibilita a transformação de algumas substâncias em negócios de larga escala e de grande valor econômico, entre elas as substâncias psicoativas que hoje ocupam um dos primeiros lugares na economia mundial, junto com a indústria de armas.

Uma das maiores indústrias brasileiras é a AMBEV que todos os dias, junto com outras produtoras de álcool, lança na TV uma avalanche de propagandas incentivando o uso de cerveja como líquido que traz felicidade, mulheres, amigos e prazer.
Para a psicanalista, as drogas, com suas propriedades psicoativas, revelaram-se sempre um potente recurso das pessoas para a sobrevivência, pois anestesiam dores das intempéries, da fome e do frio, e constituem solução para a angústia e a dor da existência, como solução momentânea. Como medicamento, alivia tensões, stress, dores, sofrimentos.
A embriaguez constante é importante para um sistema que quer os indivíduos alienados e inconscientes de sua situação de explorado. O álcool também tira da pessoa suas energias para praticar esportes e atividades saudáveis. Embriagado, o indivíduo não consegue refletir e tomar uma atitude para mudar sua situação medíocre e melhorar de vida. O alcoólatra perde sua liberdade de reflexão e atitude, ficando sem coragem para mudar a realidade. Há ainda que se considerar que o álcool como droga legal é um dos maiores destruidores de lares e famílias. Sob seu efeito muitos homens agridem suas esposas e filhos.

Levantamento da Organização Mundial de Saúde (OMS), revela que o alcoolismo já é a terceira maior doença no Brasil. Só perde para os males do coração e os tumores. Aqui o consumo excessivo de álcool é responsável por mais de 10% dos problemas de saúde pública no Brasil. Os resultados do levantamento, feito no ano 2000, indicam também que 5,6% de todas as mortes de homens ocorridas no planeta e 0,6% de mulheres são atribuídas ao consumo de álcool. Em 1990, a estimativa de mortalidade dos dois sexos em conseqüência da bebida era de 1,5%, o que indica uma preocupante tendência de ascensão.

Distinguidas dos problemas de saúde, as categorias de problemas sociais relacionadas ao álcool incluem: vandalismo; desordem pública; problemas familiares, como conflitos conjugais e divórcio; abuso de menores; problemas interpessoais; problemas financeiros; problemas ocupacionais, que não os de saúde ocupacional; dificuldades educacionais; e custos sociais.

Nos países subdesenvolvidos, como o Brasil, além de não existir controle para o consumo do álcool, há um conjunto de fatores que facilitam o acesso à bebida, principalmente entre os jovens. Um deles é o preço baixo, já que com R$ 0,50 é possível comprar, em qualquer bar, uma dose de cachaça.

Especialistas afirmam que, no Brasil, as políticas públicas para controle do consumo da bebida não produzem o efeito desejado porque falta mobilização da sociedade.
“O Governo brasileiro não é um representante confiável para discutir a política de saúde pública para o álcool”, diz o médico Ronaldo Laranjeira. “Tanto que, em Genebra, durante reunião da OMS para tratar do assunto, em janeiro, o Brasil se opôs a adotar a medida mais efetiva para controlar o consumo da bebida, que é a elevação do preço”, comenta o especialista. “Essa atitude me deixa envergonhado, porque mostra que o interesse da indústria do álcool vem sendo contemplado”, observa Laranjeira.
Sabemos que as drogas, em suas múltiplas manifestações, as legais, tantas, e as ilegais são inseparáveis da vida humana. Com isso, vemos que eliminar as drogas da sociedade é impossível. O que temos que aprender é ter o controle sobre elas em nossas vidas, principalmente das legalizadas, como o álcool.
A nível social, o alcoolismo deve ser tratado como questão de saúde pública e suas propagandas devem ser proibidas assim como aconteceu com o cigarro. A nível individual, como em tudo na vida, precisamos ter controle e equilíbrio, ninguém deve comer demais, trabalhar demais, transar demais ou beber demais, pois o vício e o excesso tiram nossa liberdade, deixando o indivíduo a alienado de sua realidade.
BIBLIOGRAFIA:

Paulo Arantes
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:r_tVrySp3_cJ:www.pauloarantes.com.br/2010/05/diga-nao-legalizacao-das-drogas.html+alcool+droga+capitalismo&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br&client=firefox-a&source=www.google.com.br

Emiliano José
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:VPDdy1-pFvsJ:www.outroladodanoticia.com.br/component/content/article/2-noticias/1432-o-diabo-e-as-drogas.html+alcool+droga+capitalismo&cd=4&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br&client=firefox-a&source=www.google.com.br
Cristina Christiano / Diário de São Paulo
http://inovabrasil.blogspot.com/2006/07/alcoolismo-o-principal-problema-de-sade.html

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